De entre os saques na região da Nigéria e Benim por tropas coloniais no século XIX, avultam os do exército britânico que arrasou o reino do Benim em 1897 numa dita "expedição punitiva".
Os bronzes do Benim que fizeram parte da pilhagem de 1897 tiveram diferentes destinos: uma parte terminou na coleção privada de diferentes oficiais britânicos; a Foreign Office vendeu uma quantidade importante que, posteriormente, acabaria em diferentes museus da Europa, principalmente na Alemanha, e dos Estados Unidos.
O Museu Britânico acolhe hoje mais de 700 peças, o Museu de Oxford 327. Mais de um milhar de peças que são reivindicadas pelos seus donos — enquanto o Reino Unido faz orelhas moucas.
Do Museu ’Quai Branly-Jacques Chirac’ em Paris, França para o Museu de Abomey na República do Benim: é o caminho de regresso, 128 anos decorridos, para os vinte e seis objetos culturais — pilhados por soldados franceses, no saque ao palácio real de Abomey em 1892.A transferência é, segundo a lei que Macron fez aprovar em 15 de maio de 2021, "uma derrogação limitada ao princípio essencial da inalienabilidade aplicável às coleções públicas francesas".
A decisão da devolução acontece após parecer favorável dum painel de peritos em arte africana, formado pela historiadora de arte Bénédicte Savoy, francesa, e o escritor senegalês Felwine Sarr. O trabalho de inventariação, ao longo de quatro meses, pelos dois especialistas conclui que há um total de 46 mil peças de arte da costa ocidental africana nos museus de França.
A maior parte desses objetos culturais, segundo o relatório apresentado ao presidente Macron e divulgado esta semana, "foram objeto de pilhagem durante a colonização francesa da costa ocidentaL africana, nos séculos XVIII e XIX".
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Fontes: BBC/Le Monde/L’Express.fr./DW.de/. Relacionado: Arte do Benim e Senegal que França começa a devolver, 23.jul.020; França-Ruanda: Macron pede perdão por genocídio de 1994 — Merkel idem por Namíbia colonial, 29.mai.021 Fotos (Reuters/AFP): Apenas a Alemanha deu luz-verde à devolução de mais de um milhar de peças levadas do antigo reino do Benim. São espólio nos museus franceses, tronos e totems dos reis de Abomey, no Reino de Daomé, mas apenas 26 estão a ser devolvidos. Em novembro, o primeiro-ministro francês Edouard Philippe devolveu ao presidente senegalês Macky Sall o sabre (espada mais flexível) pilhado no reino de Fuuta Tooro e que integrava as coleções do Museu Militar de Paris.