48º ano da Revolução que derrubou a ditadura. Hoje livres para atirar a boa pedra que tira do seu torpor o charco, nós com toda a inteligência que a distância alcança, interrogamo-nos.
Em abril há quase meio século antevíamos já passar da bata branca para a azul-céu que marcava a entrada no ciclo, daí a menos de seis meses – parecia então uma eternidade.
Em abril, começou a renovação das palavras. A gaivota já não era a do Fernão Capelo Gaivota, na capa do livro na estante da sala ao lado da aula da quarta classe. A gaivota que sonhava voar por voar.
Paz, do ‘deixa-me em paz’ das duas ou três línguas do quotidiano, passou a ter outro significado: era o refrão na canção revolucionária que passou a estar omnipresente.
O que fizemos para merecer a liberdade devolvida em abril?, porque — lembrou-se por aqui — "só praguejar aquele fascismo de há 80 anos não basta". "Há que ter muita coragem e inteligência, para enfrentar este fascismo democrático, selvagem".
Fotos: Livres não, mas aliviados da pandemia: o povo e os seus representantes na Assembleia da República Portuguesa a festejar em presença.