Nesta sexta-feira 10, a reportagem da SIC-CNN que denunciou o caso no dia 3 corrente regressa a confirmar a entrada do e-mail enviado ao neuropediatra e a carta enviada à Casa Civil.
A reportagem aponta "as contradições de Marcelo" no caso das gémeas brasileiras (foto) cuja mãe falou da cunha-pistolão a que recorreu junto da nora sua vizinha em São Paulo — mas qual? Nuno casou duas vezes e de ambas as vezes viveu no Brasil. Portanto Diana Martins está a falar da nora ou da ex-nora?
O presidente fala em portugueses a viver no estrangeiro, mas só a posteriori esta família e ou as gémeas se tornaram portuguesa/e/s (processo de naturalização deu entrada no consulado de São Paulo uma semana depois de realizado o tratamento em Lsboa, em novembro de 2019).... São estes os jogos semânticos que permitem continuar a sustentar a honestidade do presidente português.
Lapsos de outrem também parecem salvar a face do presidente Marcelo. E que o seu chefe da Casa Civil refere que o caso, a envolver os três relatórios médicos, enviados no dia 8 de outubro de 2019, afinal passou pelo Hospital de São José e não pelo de Santa Maria. Isso será lapso e não é do presidente.
A culpa, bem que não se sabe de quem é, tanto mais que que ora se fala em dossier em São José ora em Santa Maria.
O mistério dos quatro milhões — esse o preço do medicamento mais caro do mundo, o Zolgensma administrado a duas crianças vindas expressamente para isso do Brasil para Portugal, um privilégio em que terá sido usado o nome do Presidente da República Portuguesa para que o tratamento pudesse ser realizado no Hospital de Santa Maria — passou sem deixar rasto entre Belém e São Bento e sem deixar rasto foi além.
Especialistas em corrupção dizem:
"Enquanto não se souber quem efetivamente meteu a cunha, o Presidente tem de continuar a tomar as decisões que lhe competem. Lembro que já passou por casos muito semelhantes a este, como é o caso de Tancos. Neste momento, não tem nada, nem formal nem substantivamente, que lhe tire a legitimidade para tomar decisões”. Palavras de Paulo Morais, presidente da associação Frente Cívica, um think-tanker de combate à corrupção.
Paulo Morais considera que, “apesar de tudo”, as situações que envolvem Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa “são diferentes”. No caso do primeiro-ministro, há a detenção do chefe de gabinete por suspeitas de envolvimento num caso de corrupção: “Se se verificar que houve efetivamente cunha e que quem meteu a cunha foi, por exemplo, o chefe da casa civil ou um assessor, o Presidente terá de fazer o mesmo que fez António Costa e apresentar a demissão”.
“Ele é responsável por tudo o que faz o chefe da Casa Civil. São pessoas que falam em nome dele. Uma coisa é uma secretária ou um adjunto qualquer. Outra coisa é um chefe de gabinete”, lembra o, sublinhando que, “primeiro, há que ver se houve cunha ou não” e se se confirmar que houve “e tiver sido de alguém próximo do presidente, ele terá de tirar as suas ilações”.
Por isso mesmo, acrescenta, Marcelo Rebelo de Sousa "tem de continuar a fazer aquilo que são as suas funções, independentemente do contexto ser-lhe ou não favorável”. “Assim como o primeiro-ministro também não pode simplesmente parar, apesar de ter apresentado a demissão. Se houver expediente que tenha de ser resolvido, ele tem de o resolver. As instituições não podem deixar de exercer as suas funções”, considerou em declarações á imprensa na quinta-feira 9.
“As pessoas até podem achar que, moralmente, ele tomar uma decisão sobre o futuro de um primeiro-ministro, nestas circunstâncias. Mas a verdade é que ele tem de, institucionalmente, dar seguimento aos procedimentos nestas situações, porque o país não pode ficar sem Governo”, sublinhou.
Fontes: TVI-CNN/... Relacionado: Presidente de Portugal nega ’cunha’, mas mãe das gémeas luso-brasileiras tratadas com Zolgensma dose única 2 ME admitiu "pistolão" via nora de Marcelo, 06.nov.023.