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Afeganistão: Bebé perdido no aeroporto devolvido à família 18 meses depois 09 Abril 2023

A segunda metade de agosto de 2021 mostrou cenas desesperadoras no aeroporto de Cabul, com milhares a procurar fugir ao poder talibã reinstaurado. Viram-se bebés a serem passados de mão em mão até aos arames farpados na esperança de os entregar aos soldados ’ocidentais’ de partida. Mais de ano e meio depois, um desses bebés, Sohail Ahmadi, agora com 20 meses, está de volta à família.

Afeganistão: Bebé perdido no aeroporto devolvido à família 18 meses depois

A foto central mostra o momento em que, neste Sábado Santo judaico-cristão, o muçulmano Hamid Safi entrega o bebé que encontrou perdido no aeroporto de Cabul e ele e a esposa Suraya criaram junto com os seus filhos. É um momento doloroso para o taxista de 29 anos, que não consegue suster as lágrimas.

Sohail sai dos braços do pai de criação para os braços do avô materno Mohammad Qasem Razawi. É o fim de uma longa busca desde que o bebé — entregue a um soldado americano por cima do arame farpado para evitar que fosse esmagado pela multidão de milhares que tentava entrar no aeroporto — desapareceu no caos do aeroporto da capital afegã nesse pós-15 de agosto de 2021.

O pai, Mirza Ali Ahmadi, funcionário local da embaixada dos Estados Unidos, conseguira um visto para a família — casal e cinco filhos —, mas Sohail de dois meses desapareceu no caos do aeroporto de Cabul guardado por tropas talibãs para impedir o acesso dos afegães à pista.

A família por fim conseguira entrar no recinto de onde partiam os voos para a América, mas sem encontrar o bebé tiveram de embarcar sem ele.

Bebé a chorar no cimento

O taxista Safi ouviu o choro do bebé de dois meses, que estava sozinho deitado no cimento. Ele contou à Reuters em novembro que depois de perguntar em vão a quem pertencia o bebé, no meio do caos do aeroporto, decidiu levá-lo para casa.

Deram-lhe o nome de Mohammad Abed e desde aí as suas fotos juntaram-se às dos cinco filhos da família Safi.

O avô Mohammad Qasem Razawi, ao ler a reportagem, deixou a sua casa na província de Badakhshan, no nordeste afegão, e rumou a Cabul. Ao fim da longa viagem, foi a deceção: Safi recusou entregar a criança.

Ao fim de longas negociações, com os americanos pelo meio, Safi impôs uma condição: entregaria o bebé se lhe dessem e à família um visto para os Estados Unidos.

A polícia interveio e Safi foi detido. Depois foi libertado, deduz-se que com a intermediação da diplomacia dos Estados Unidos, embora não esteja claramente explicitado.

Ao fim de sete semanas, chegou ao fim a disputa e o bebé foi entregue ao avô. A caminho de casa, o avô informou que os esperavam uma grande receção, "tão grande como uma festa de casamento".

Fontes: NY Times/BBC/Reuters. Relacionado: Cabul em desespero: Pais entregam bebés a soldados — "Levem o meu bebé, seja para onde for", 21.ago.021; EUA: Exército em Cabul matou 10 inocentes por erro: "Pensaram ser explosivos, mas era só água", apurou o NY Times, 15.set.021. Fotos (captadas de ecrã BBC): Hamid Safi chora ao entregar o bebé que ele e a esposa Suraya criaram junto com os seus filhos — desde que o encontrou no caos do aeroporto de Cabul em agosto de 2021.

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