José Maria Neves falava à imprensa, à margem de uma comunicação inaugural ‘online’, a partir do Salão Beijing, do Palácio do Presidente da República, no quadro da Conferência Regional sobre Juventude, Paz e Desenvolvimento, subordinada ao tema “Juventude dos PALOP face aos desafios comunitários regionais e mundiais”, visando proporcionar um espaço de partilha e discussões sobre os principais problemas que afectam os jovens desta comunidade.
“Neste momento, precisa-se de um forte investimento na educação, pois a educação pode ser a mola propulsora da transformação do continente africano. Os jovens têm grandes responsabilidades porque eles é que vão ter o protagonismo também na transformação do continente africano, na construção deste novo mundo, que está a emergir de todos esses conflitos”, defendeu.
Na mesma linha, o chefe do Estado disse que a África tem de preparar todas as suas capacidades e competências locais e na diáspora, sublinhado que a África é dos continentes “mais ricos” em termos de tudo, destacando que este continente tem uma população mais jovem, extensas terras aráveis, minérios, água e talentos.
“A África tem tudo para dar certo, precisa-se realizar as reformas necessárias e investir fortemente na juventude, a nível da educação, ciência e inovação”, vincou.
José Maria Neves sublinhou, por outro lado, que a nível de Cabo Verde é preciso também investir cada vez mais na capacitação dos jovens, para estarem à altura dos desafios que se colocam ao mundo neste momento.
Para o mais alto magistrado da Nação a África “não tem sido um actor relevante” da política internacional, pois sublinhou que este tem de realizar reformas políticas institucionais e estruturais, a nível da União Africana, das organizações regionais e dos estados, para poder acompanhar o ritmo das transformações no mundo.
“A África tem também que investir fortemente no seu desenvolvimento, pois o desenvolvimento não é uma dádiva, mas sim uma conquista, que resulta de cultura voltada para o desenvolvimento e, neste caso, a África tem que procurar de uma forma mais ousada soluções para o futuro”, elucidou.
O Presidente da República assegurou que a África não pode continuar à espera da solidariedade internacional, pois têm que mudar de “ship”, colocando sobre a mesa as suas forças e aproveitar as oportunidades que emergem deste novo mundo em construção.
Nesta conferência, José Maria Neves avançou que vai falar das guerras geoestratégicas que estão em curso, no continente africano, nomeadamente, no Sudão, Etiópia, Sahel, e sobre os golpes de Estado que este continente sofreu, usando instabilidade política e institucional. Acrescentou ainda, a guerra na Ucrânia, como outro tema a ser falado.
“Vou falar também da desigualdade entre os países ricos e industrializados e desenvolvidos do Norte e os países pobres fornecedores de matérias primas e subdesenvolvidos que estão particularmente no Sul, da grande assimetria nos termos de intercâmbio entre esses dois espaços políticos”, acrescentou.
A ascensão do Sul e a emergência de novos países será, segundo o chefe de Estado, outro tema a ser discutido, considerando que o mundo “está a transfigurar-se” e está cada vez mais multipolar e complexo e difícil e com novos actores emergentes.
A Conferência Regional sobre Juventude, Paz e Desenvolvimento, iniciativa da Coligação da Juventude dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (CJP) tem a duração de dois dias, quinta e sexta-feira, e assinala o Dia Mundial da Paz, anualmente celebrado a 21 de Setembro.
O foco estará voltado para questões ligadas ao emprego jovem, alterações climáticas, migrações, direitos humanos, paz, democracia e governabilidade nos respectivos países.
Na agenda estarão, ainda, os desafios inerentes ao desenvolvimento dos países membros, alinhados com as grandes agendas internacionais, nomeadamente a Agenda 2030 e a Agenda 2063.
A Semana com Inforpress