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Alemanha: Mãe condenada a c. 4 anos de prisão por manipular cirurgiões para operações inúteis às filhas 02 Fevereiro 2023

A ré Maike B. vai para a prisão, mesmo após o tribunal ouvir peritos a diagnosticá-la com a doença a que a ciência deu o nome de Síndrome de Münchhausen-Stellvertreter — que leva mães a criarem uma doença imaginária para os filhos, com o objetivo de atrairem as atenções dos profissionais de saúde. Desta vez foi na Alemanha a poucos quilómetros da região crioulo-diasporizada de Moselle que desde 2015 a mulher, então de 26 anos, manipulou a tal ponto "o sistema" (saúde, educação, serviços sociais) que duas filhas pequenas, três e quatro anos, foram submetidas a cirurgias que lhes implantaram secções do sistema digestivo.

Alemanha: Mãe  condenada a c. 4 anos de prisão por manipular cirurgiões para operações inúteis às filhas

O julgamento começou em fins de novembro e terminou esta quarta-feira,1, com a mãe a ser condenada a três anos e meio de cadeia.

Segundo o acórdão do tribunal, divulgado hoje na imprensa, foi em 2015 que a arguida então de 26 anos começou um "ciclo frenético de busca de cuidados médicos para as duas filhas" que resultariam em "sérios danos físicos".

Essa mãe manipulou a situação a tal ponto — induzindo doenças nas crianças — que conseguiu convencer os cirurgiões a colocar um ânus artificial a uma, em fins de 2015, e um tubo no estômago a outra, em fins de 2018.

O marido e pai das crianças foi retratdo como um homem "totalmente dominado pela mulher".

Na relação da mãe com a escola, ela procurava levar a sua avante. Exemplo: quando a escola — depois da direção ter instalado uma plataforma de 150 mil euros para dois dos filhos de Maike — viu chegar mais uma filha em cadeira de rodas e levantou interrogações, a resposta da mãe foi transferi-los da escola "hostil aos incapacitados".

"A sra. B. tinha o dom de influenciar tudo e todos e sempre que não conseguia levantava tal vendaval de discórdia na nossa escola!", afirmou a professora Jessica Gube, duma outra escola local de Waldorf, ouvida pelo online Spiegel.

Manipuladora

Várias testemunhas que ao longo de dois meses passaram pelo tribunal de Paderborn depuseram sobre a capacidade de Maike B. de convencer as pessoas sobre as doenças que afetam os cinco filhos. Estes por sua vivem "fechados num círculo de dependência que os tornou cúmplices" da mãe.

A mãe de cinco filhos fala com conhecimento sobre as doenças que os afetam, bem como os respetivos médicos e tratamentos, "como se fosse uma especialista", afirmaram.

Uma antiga patroa disse: "A Maike consegue manipular as pessoas". Segundo Christine Irmler depôs, a sua empregada em 2015 "explicou-lhe" que dois dos seus rapazinhos sofriam de uma doença óssea que os atirou para uma cadeira de rodas.

A solidária patroa relatou que, antes mesmo de ela saber da "tremenda mentira", Maike despediu-se. "Penso que teve medo de eu descobrir tudo sobre ela".

O retrato composto de Maike, hoje com 34 anos, é de uma pessoa "muito hábil" em manter relações de proximidade quer com o seu meio social quer com os profissionais de saúde. Com isso, ela tem conseguido "influenciar as decisões que a beneficiam".

Médicos criticados. O tribunal não se coibiu de apontar o modo como "os doutores" iniciaram os exames e tratamentos clínicos sem questionar os relatórios falsos que Maike B. lhes havia submetido.

"Elevada energia criminal"

O juiz na leitura da sentença declarou ter "ponderado o diagnóstico da Síndrome de Munchausen" e que este não prevê "diminuir a capacidade de responsabilidade criminal".

"A síndrome de Munchausen não requer automaticamente uma redução da pena", explicou o psiquatra Ulrich Sachsse. "O tribunal tem de ouvir a perícia e ponderar muito cuidadosamente cada caso".


Sentimo-nos traídos

A cidade solidária com essa mãe ao longo dos anos, foi a tribunal testemunhar. Unânime é o seu sentimento de que foram enganados. "Sentimo-nos traídos", expressaram pais, além de professores e responsáveis de serviços sociais e de saúde.

"Muitas das cartas de especialistas que me chegaram foram-me entregues pela mãe. Foi um erro do sistema, que levou a esta fraude durante tanto tempo", afirmou o médico da família, Helmut Trapp, em declarações ao tribunal depois retomadas na imprensa .

O especialista em reumatologia pediátrica que fez o diagnóstico que pôs as três crianças em cadeira de rodas, vai ser criminalizado, afirmou o Ministério Público em conferência de imprensa.

Relação com os media

O tribunal esmiuçou a relação com entre Maike B. e os meios de comunicação social. Junto da imprensa, "ela conseguiu uma voz". Mas uando começou a ser questionada, "ela ameaçou com comunicados, anúncios e perda de reputação", foi dito em tribunal.

Tudo isto mostra, conclui o acórdão, que "as ações de Maike B. foram planeadas e que ela em tudo atuou com extrema racionalidade para atingir os seus fins".

A mãe manipulativa, diz o Spiegel desta quinta-feira, escusou prestar declarações à imprensa. Afirmou que vai "precisar de tempo" para "processar tudo isto".

Fontes: Der Spiegel/

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