A celebração em Lyon de Jean Moulin, herói da Resistência Francesa, marcou o divórcio entre Macron e os franceses, já que a cerimónia teve lugar em espaço restrito onde não chegariam os protestos de largos milhares de manifestantes
É certo que este ano as manifestações condicionaram radicalmente a tradição francesa de celebrar o "8 de Maio" da vitória da coligação internacional anti-hitleriana liderada pela URSS, marcada pelo ato de rendição assinado em Berlim no dia 7-5-1945. E
Sem os festejos franceses, a data este ano perdeu todo o brilho — pela primeira vez desde que a Europa dos aliados saiu vitoriosa na Segunda Guerra.
Nesse primeiro "08 de Maio", o exército nazi, o Wehrmacht, capitula incondicionalmente e a Europa vê chegar ao fim o banho de sangue com a deposição das armas. Festas em Paris, Londres, Roma...
Contudo, nem todos partilham desta alegria. Para a maioria dos alemães, era um fim de guerra marcado pelas ruínas e destruição, a que se seguiu a divisão do país em quatro zonas ocupadas pelas potências vitoriosas.
No lado contrário, o Japão continua a guerra e só iria render-se em agosto, após as bombas atómicas de Hiroxima e Nagasáqui.
Paradoxal "8 de Maio"
Em 1949, a Alemanha cinde-se em dois Estados antagónicos: a RFA a oeste e pró-bloco ocidental; a RDA a leste e pró-bloco soviético.
"É, para nós alemães, o paradoxo mais trágico e mais discutível da História. Porquê? Porque ao mesmo tempo fomos libertados e aniquilados", afirmou sobre o "8 de Maio" o primeiro presidente da RFA, Theodor Heuss do FDP-Freie Demokratische Partei/Partido Democrático Livre.
Fontes: Le Monde/ DW.de/Le Figaro/... Fotos: A França celebra o "8 de Maio" mais amargo destes 78 anos. Em Paris a deposição de flores no Memorial dos Mártires esteve deserta de povo. Os protestos contra a reforma aos 64 anos encheram as ruas de Lyon, onde Macron esteve de seguida numa conferência restrita em memória de Jean Moulin o mártir da liberdade/Libération.