Em declarações à Inforpress, Eurico Lomba contou que as suas obras são feitas de areia e cimento e que não faz nenhuma forma prévia para a escultura, simplesmente faz a massa e através da sua imaginação, vai moldando esta massa até ter a peça que quer construir.
O objectivo deste artesão é promover a Brava, por isso tenta através das suas criações, construir casas típicas da ilha, além de miradouros e outros pontos facilmente identificados por qualquer pessoa que conhece a Brava.
Mas, na sua arte também cria peças que retratam as outras ilhas do país, as paisagens e “tudo aquilo que é belo” no arquipélago.
Entretanto, lamentou o facto de não somente ele, mas outros artesãos da ilha não terem a oportunidade de levar as suas obras para outras paragens por falta de apoio e incentivos da parte do Governo, pois, realçou que pessoalmente não falta esse desejo de viajar e mostrar os seus trabalhos em todas as ilhas, mas o que falta é a verba que sozinho não consegue arranjar e suportar todas as despesas.
Nas suas peças, conforme contou, o que lhes dá forma é o amor, pois, “é um trabalho baseado na inspiração que é idealizado na mente e a massa serve para expor o que pensa e o que sente”.
Segundo a mesma fonte, não trabalha com nenhuma forma de papel ou outro material, aliás, contou que nem os desenhos ou esboço são feitos antes.
Simplesmente, se pensar em alguma casa, cais, montanha da ilha Brava ou de qualquer outra ilha que lhe chame a atenção e despertou nele o “bichinho” da criação, vai logo fazer a sua massa e moldá-la para tornar real o que imaginou.
Na Brava, sublinhou que as suas obras são bem aceites e ainda alimenta o sonho de sair com estas obras para apresentá-las nas outras ilhas e quiçá a nível internacional, convicto de que as mesmas vão causar “grande impacto”, tendo em conta que elas transmitem a realidade “nua e crua” do país.
Outro aspecto que diz lamentar e muito é o facto de os jovens não demonstrarem interesse pela arte, evidenciando que muitas vezes já se colocou à disposição de alguns jovens para ensiná-los no sentido de ajudá-los a distanciar dos males sociais, mas estes não cooperam e nem demonstram interesse em aprender.
E com isso teme que a vertente artística da ilha Brava venha a cair em desuso com o passar dos anos, visto que, realçou, os poucos artistas que ainda restam estão a ficar cansados e esgotados devido à idade e muitas vezes pela “dureza” dos trabalhos, acabando por desistir, e não tendo jovens para aprender e dar continuidade, esta parte vai ficando para trás.
Aproveitou para pedir aos que estão a trabalhar nesta área para não se desanimarem e não deixarem que o bichinho morra por falta de oportunidades.
A Semana com Inforpress