“Em 2010, emocionado, encontrei-me, pela primeira vez, com o papa Bento XVI. Foram momentos luminosos. Discutíamos, então, a Concordata entre Cabo Verde e Santa Sé. O seu ar aparentemente frágil e tímido não era suficiente para esconder o penetrante brilho do olhar e uma enorme sapiência”, descreveu José Maria Neves, numa mensagem colocada na sua conta oficial na rede social Facebook sobre a morte do papa emérito.
“Esse encontro marcou-me. Imensamente triste, pois, pela sua morte, mas ciente da sua grandeza e disponibilidade em servir a Humanidade”, acrescentou.
Cabo Verde e a Santa Sé acabariam por assinar em junho de 2013 a Concordata que define o estatuto da Igreja Católica no arquipélago lusófono.
O papa emérito Bento XVI, que morreu hoje com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, a 11 de fevereiro de 2013, a dois meses de comemorar oito anos no cargo.
Joseph Ratzinger nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, e foi Papa entre 2005 e 2013.
Ratzinger tornou-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.
Os abusos sexuais a menores por padres e o “Vatileaks”, caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, foram casos que agitaram o seu pontificado.
Bento XVI ordenou uma inspeção às dioceses envolvidas, classificou os abusos como um "crime hediondo" e pediu desculpa às vítimas.
Durante a viagem a Portugal, em maio de 2010, Bento XVI disse que "o perdão não substitui a justiça". A Semana com Lusa