"Após dois anos da controversa presidência de Jair Bolsonaro, a fragmentada esquerda brasileira tem tido dificuldade em se unir em torno de um líder" para desafiar a extrema-direita. Mas "Guilherme Boulos começou a mudar isso", justifica-se assim a seleção de Boulos dos ’Sem Teto’ para a lista dos 100 Líderes Globais da ’Time’.
O percurso militante de Guilherme Boulos, filho de um casal de médicos especialistas, começa aos quinze anos, como líder estudantil e militante do PCdoB. Em 2002, o MTST-Movimento dos Trabalhadores Sem Teto foi o primeiro grande teste na militância que Boulos abraçou.
No ano seguinte, 2003, ficou conhecido como participante e um dos coordenadores da ocupação de um terreno da Volkswagen, em São Bernardo do Campo.
A imprensa voltou a interessar-se por ele em 2014, ao fim de quase uma década "sumido" — em prol da formação universitária e começo de vida profisional, o casamenteo e filhos.
Boulos reemergiu nas contestações à Copa do Mundo que ia ter lugar entre 12 de junho e 13 de julho de 2014. Teve especial repercussão a ’Ocupação Copa do Povo’, realizada pelo MTST no início de maio. Em junho, um mês depois, tornou-se colunista semanal do site do Folha de S.Paulo, que ia assumir até 2017.
Em fevereiro de 2015, passou a integrar, junto com o deputado federal Jean Wyllys e a jornalista Laura Capriglione, o programa de debates Havana Connection, no portal UOL.
Como coordenador do MTST, teve várias detenções e respondeu por porcessos na justiça. A sua prisão em 17 de janeiro de 2017 teve grande repercussão internacional. As acusações eram de desobediência a ordem judicial e incitação à violência durante a ação de reintegração de posse de um terreno no distrito de São Mateus. Foi solto na noite do mesmo dia.
Candidato a prefeito até à segunda-volta
A candidatura de mais peso foi no ano passado. Disputou a prefeitura de São Paulo e chegou à segunda-volta contra o prefeito Bruno Covas, do PSDB. O candidato social-democrata acabou reeleito com 59,4% dos votos, contra 40,6% do candidato do PSOL.
"Um mês antes da primeira-volta da eleição, ele estava em quarto lugar como candidato de um partido minoritário, com apenas 10% dos votos esperados. Mas, ao conquistar os jovens e energizar eleitores desiludidos com a esquerda dominante do Partido dos Trabalhadores, Boulos derrotou o candidato preferido de Bolsonaro, entre outros, para chegar à segunda-volta", diz a Time.
Mesmo tendo perdido a eleição em São Paulo, a revista afirma que com "o desempenho surpreendente de Boulos na influente cidade", Boulos confirmou que é "uma figura ascendente na política brasileira e deu à esquerda um novo caminho a seguir".
Fontes: Time/UOL/DW.Relacionado: Brasil: 2ª volta das Municipais confirma chumbo a Bolsonaro, 01.dez.2020. Foto (Campanha 2018): O sisudo Boulos, conta-se, teve de sorrir e trocar a roupa para uma cor suave.