A afirmação é da secretária executiva da Comissão de Coordenação do Álcool e Outras Drogas (CCAD), Fernanda Marques, em declarações à imprensa quando falava sobre a acção de capacitação dos profissionais de saúde no domínio de Redução de Riscos e Minimização de Danos (RRMD).
“Estudos mostram que o uso de drogas injectáveis não é o caso em Cabo Verde. Das pessoas em tratamento não existe um único caso de drogas injectáveis”, disse, ressaltando que no arquipélago as drogas utilizadas são, sobretudo, de forma oral como o álcool e da forma fumada como cannabis e cocaína.
Face a estes dados, afirmou que as respostas devem ser adequadas ao contexto e às necessidades das pessoas, daí a necessidade de formação de equipas móveis que fazem o trabalho de proximidade junto dos dependentes de álcool e outras drogas, e agora com os profissionais da saúde.
“Desta vez estamos aqui com o pessoal da saúde, pois, se trata de um trabalho de rede, em que as equipas móveis fazem encaminhamentos para estruturas de saúde, pelo que o nosso pessoal de saúde tem de estar cada vez mais capacitados neste domínio”, disse aquela responsável.
Fernanda Marques disse ainda que em termos de registos, de há três anos a esta data, tem-se notado aumento de procura das estruturas de saúde para tratamento relacionado ao consumo, sendo que em 2021 foram 1009 pessoas e em 2020 a volta de 862.
“Isso para nós é importante porque mostra que as coisas estão a funcionar e que as pessoas querem ser ajudadas e que, cada vez mais, temos a questão da consciencialização da população de que a dependência é uma doença”, ressaltou, sublinhando que antigamente não se entendia como tal e ligava-se o consumo mais a delinquência.
Referiu-se ainda que com esta capacitação pretende-se minimizar as consequências adversas devido ao consumo de drogas, mas baseando-se em respeito à escolha das pessoas, alegando que mesmo que este não queira abandonar o consumo, a obrigação dos técnicos no sector é ajudar a diminuir os riscos ligados à saúde, ao seu bem-estar, a segurança e vida.
Questionada sobre o aumento de drogas na rua, a secretária executiva do CCAD disse não poder precisar já que quem cuida da repressão é a polícia judiciária.
No entanto, afirmou que a tendência, mesmo a nível mundial, é de haver cada vez mais ofertas na rua, daí a necessidade do trabalho de proximidade e intervenção para mostrar os riscos do consumo.
A acção de capacitação que se realiza em parceria com o Comité de Coordenação do Combate à SIDA (CCS/SIDA), insere-se no quadro do reforço das respostas conjuntas dos serviços responsáveis pelas áreas das drogas e do VIH-SIDA e no âmbito da subvenção financiada pelo Fundo Global, conta com a participação de profissionais de Saúde a nível nacional, com excepção da ilha de São Nicolau.
A Semana com Inforpress