Ana Carvalho fez essas declarações estribada nos dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) durante uma entrevista à Inforpress sobre a evolução do turismo no País, tendo em conta a conjuntura mundial, ainda a viver em contexto da covid-19, associado à guerra na Ucrânia.
Segundo a mesma fonte, esses números são idênticos aos de 2019, superando todas as expectativas, conforme sublinhou, tendo em conta a pandemia, cuja prospecção de retoma indicava que deveria acontecer a partir de 2023/2024.
“Mas acabou por acontecer um ano antes. E podemos dizer que o Verão do ano passado, portanto de 2022, foi uma época cuja procura turística foi mais elevada, comparativamente aos anos anteriores, de 2019 para baixo”, comentou.
Ana Carvalho explicou, entretanto, que essa elevada procura de Cabo Verde no Verão, enquanto destino turístico, foi devido à pandemia que fez com que durante dois anos as pessoas ficassem “fechadas” e, com a abertura dos países, das fronteiras, procuraram sair de férias.
Por outro lado, os destinos concorrentes de Cabo Verde que, normalmente, têm taxas elevadas durante o Verão tiveram “overbooking”, uma prática de sobrevenda, ou seja, a companhia aérea vende mais passagens do que estão disponíveis, “excesso de reservas”.
“Daí que, muitos operadores encaminharam os seus clientes, turistas para Cabo Verde, mais precisamente para a ilha do Sal, porque na Boa Vista nem todos os estabelecimentos hoteleiros estavam a funcionar em pleno como no Sal”, esclareceu.
Tendo a chamada época alta iniciado no mês de Outubro, a maior parte da procura turística, conforme completou, acabou por acontecer, efectivamente, no último trimestre de 2022, nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro.
Ainda sem dados relativamente ao primeiro trimestre de 2023, Ana Carvalho disse que da ronda que a Câmara de Turismo vai fazendo, “quase constante”, junto aos estabelecimentos hoteleiros e mesmo de outros serviços turísticos, nomeadamente, na área da restauração, as informações que se vai obtendo é que a taxa de ocupação estava muito próxima dos cem por cento, na ilha do Sal e também na Boa Vista.
“Mas logo após às férias de Páscoa, iniciou-se a época baixa, pelo que, na semana seguinte, praticamente, houve uma queda de quase 80 por cento (%) da procura turística, registada na maior parte dos estabelecimentos hoteleiros, principalmente no Sal”, observou.
Considerando que o turismo em Cabo Verde continua sendo sazonal, com as épocas muito bem definidas, Carvalho disse, a propósito, que a Câmara do Turismo tem vindo a trabalhar juntamente com o Ministério do Turismo e outras instituições que trabalham directamente com o sector, na identificação de novos segmentos de mercado para virem, principalmente durante a época baixa.
“De forma a minimizar os efeitos da época baixa, entre os quais o mercado africano onde estamos integrados, principalmente na região da África Ocidental, a CEDEAO, bem como aproveitar os países da CPLP”, referiu.
Disse, entretanto, que a nível da CEDEAO já foram dados “passos significativos” no sentido de se abrir uma linha directa entre Dakar/Sal, com a possibilidade de virem voos de outros países da costa ocidental africana para Dakar e de Dakar seguir, directamente para a ilha do Sal.
“Vindo para a ilha do Sal, os turistas viriam aproveitar as infra-estruturas turísticas que existem na ilha, e fazer com que venham consumir todos os outros serviços e produtos que temos e é possível oferecer a este mercado”, manifestou.
Conta que neste sentido uma primeira abordagem da exploração do mercado turístico da CEDEAO foi feita durante a Feira de Turismo e Artesanato (EXPOTUR), em Outubro do ano passado, através da Confederação das Organizações Privadas da Indústria de Turismo (COPITUR), visando trazer, numa primeira fase, esse segmento de mercado para a ilha do Sal.
Ana Carvalho assegurou que os contactos estão a ser feitos esperando que, ainda este ano, seja iniciada a ligação Dakar/Sal, com uma proposta de dois voos semanais, isto é, todas as quintas e segundas-feiras, organizando pacotes em torno destes voos, enquanto se vai identificando outros segmentos de mercado.
A Semana com Inforpress