"Louvamos a iniciativa de constituição de uma rede regional que, em resposta aos desafios, necessidades e demandas próprios e locais, se propõe a reforçar a capacidade dos países-membros para uma melhor compreensão da biologia dos mosquitos ’aedes’ [género de mosquito] e definição de um papel que estes desempenham como vetores", afirmou o secretário de Estado adjunto da ministra da Saúde de Cabo Verde, Evandro Monteiro, na Praia, na abertura do terceiro encontro da Rede de Vigilância de Aedes da África Ocidental (WAASuN).
O governante manifestou ainda a necessidade de reforçar os sistemas de vigilância e controle de vetores de doenças provocadas por arbovírus como ’aedes aegypti’, responsável pela transmissão de doenças como dengue, chikungunya, febre amarela ou zika, e "principalmente facilitar a colaboração" entre os países e outros parceiros em vários aspetos da vigilância e controle.
"Pela sua pertinência, pelos seus propósitos, pela sua constituição e principalmente pelos seus pressupostos baseados em evidências e práticas científicas, reconhecemos que esta é verdadeiramente uma iniciativa que empodera a região, que coloca o problema das doenças transmitidas por mosquitos no topo das agendas governamentais, que procura respostas representativas das nossas necessidades e adaptadas ao contexto local, sem perder o foco nas metas regional e continental e que procura ainda mobilizar os recursos necessários para combater, vigiar e controlar estas doenças, procurando eliminá-las de forma integrada e envolvendo todos os atores", acrescentou Evandro Monteiro.
No mesmo encontro, Emmanuel Chanda, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a África, afirmou que se regista atualmente "um número esmagador" de surtos devido a arbovírus, considerando-o como uma mensagem a todos os países: "Atualmente, África está a passar por muitos fatores que precipitam a proliferação de vetores de arbovírus, bem como a transmissão. E isso relaciona-se com a disponibilidade de vetores eficientes e competentes, com questões que são de natureza ambiental. As viagens são um dos fatores que estão contribuindo para isso".
"Precisamos estar cientes do facto de que a maioria dos programas em África carece de programas de controlo específicos para arbovírus. Nós vemos ao longo dos anos tanto esforço no controle da malária e negligenciando-se outras doenças, criando uma bomba-relógio", acrescentou.
O representante da OMS disse ainda que na região não tem a capacidade de fazer uma vigilância "importante e crítica" de arbovírus, contudo, defendeu que é preciso uma "resposta reativa".
"Estamos otimistas de que vamos dar o apoio necessário que os países exigem para que possamos sair vitoriosos na luta contra os arbovírus", apontou.
Para o co-presidente da WAASuN, Samuel Dadzie, esta terceira reunião pretende debater atualizações dos países sobre quaisquer atividades de vigilância e discutir alguns dos principais tópicos e desafios em torno do tema, almejando assim, em conjunto, controlar as ameaças provocadas por estes mosquitos.
Durante cinco dias reúnem-se na Praia investigadores dos países da região oeste-africana, bem como de países como Angola, Suíça, República Democrática do Congo, Reino Unido e Camarões.
A WAASuN é uma rede de entomologistas especialistas e outros profissionais de saúde pública com foco na vigilância e controlo do ’Aedes’ na África ocidental e que tem como missão fortalecer a capacidade dos países da região para realizar a vigilância e controlar os arbovírus e promover a estabilidade e prosperidade regional. A Semana com Lusa