“Este protocolo acontece numa altura em que já se perspetiva os financiamentos para a reabilitação destes faróis de Cabo Verde, no quadro do financiamento da Agência Espanhola de Cooperação, através do programa ACERCA. Coincide também com a abertura da formação que será ministrada a técnicos do Instituto do Património Cultural [IPC], do Instituto Marítimo e Portuário [IMP], do Instituto do Turismo e outras instituições ligadas à gestão desse património, que terá lugar na cidade da Praia, na segunda-feira”, anunciou, após a assinatura do acordo, a presidente do IPC, Samira Baessa.
O acordo envolveu o IPC e o IMP, enquadrado na visão governamental face a três setores considerados estratégicos para o desenvolvimento de Cabo Verde: o mar, a cultura e o turismo. Representa "também numa mudança de paradigma da gestão do património do Estado", sendo "mais participativa e inclusiva de todos os bens culturais da nação”, explicou a responsável.
Este protocolo foi proposto pelo IMP com a perspetiva de ampliar a utilidade dos faróis, como guia e elemento de sinalização, para a valorização pelo valor cultural arquitetónico e patrimonial e a sua localização estratégica privilegiada.
O presidente do IMP, Seidi Santos, destacou a importância da assinatura do protocolo para a reabilitação e reconversão dos faróis históricos de Cabo Verde, visando a sua inserção na rota do turismo cultural: “O momento é de se destacar e de se realçar, pois estamos perante um projeto cuja repercussão se fará sentir em três pilares fundamentais do programa do Governo para a legislatura em curso, a economia azul, na vertente da segurança marítima, o turismo e a cultura”.
O IMP faz a gestão de 75 faróis nacionais e de acordo com Seidi Santos são investidos nestas infraestruturas cerca de nove milhões de escudos (81,2 mil euros) anuais em manutenção, sendo grande parte do valor devido a atos e vandalismo que são perpetuados.
“Urge uma nova postura perante esta problemática e precisamos chegar nas pessoas e população em geral a importância dos faróis. Foi por este propósito que apostamos numa campanha forte nas redes sociais de sensibilização para a importância da preservação dos faróis, cujo arranque se deu hoje”, garantiu.
De acordo com o ministro do Mar, que tem também a pasta da Cultura, Abraão Vicente, este protocolo estava a ser trabalhado há algum tempo e pretende transformar os faróis, também, em estruturas museológicas, viradas para a população e para o turismo.
“Cientes de colocar mais infraestruturas ao serviço da população, do turismo e dessa nova narrativa de um Cabo Verde que sempre foi voltado para o mar, mas o teremos de o concretizar com mais infraestruturas de apoio”, disse Abraão Vicente, durante o evento de hoje, defendendo que é preciso valorizar os museus e com isso a história cabo-verdiana.
A assinatura do protocolo acontece no momento em que Cabo Verde lança ainda o projeto de reconversão patrimonial, em conjunto com o Ministério das Finanças, através da Direção do Património do Estado, passando os edifícios histórico culturais para a gestão do IPC, de forma a que possa perspetivar um novo uso. A Semana com Lusa