No dia 20 de Janeiro de 2023, assinalaram-se os cinquenta anos do assassinato, perpetrado em Conacri, República da Guiné, do dirigente da luta de libertacão dos povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde, fundador e líder do PAIGC, Amílcar Cabral. Cabral foi assassinado pela Polícia Internacional de Defesa do Estado, a PIDE, a mando do Governo do então regime fascista e colonialista do Estado Novo.
Não é o único momento a a ser assinalado nos próximos meses. A 24 de Setembro de 2023, cumprem-se os 50 anos da proclamação do Estado da Guiné-Bissau. A 12 de Setembro de 2024 assinala-se o centenário do nascimento de Cabral. A proposta do PCP, informa comunicado dos dois vereadores comunistas na Câmara Municipal de Lisboa (CML), «visa a criação de um programa associado a estes dois importantes acontecimentos».
Aprovada por maioria, apenas com abstenção do PSD e CDS-PP, a proposta de comemorações da vida e obra de Amílcar Cabral «deve incluir debates, exposições, eventos culturais, cénicos e musicais relativos à importância da sua obra e seu legado», devendo a mesma ser integrada nas celebrações do cinquentenário da Revolução de Abril.
Entre outras medidas a aplicar pela CML, constantes na proposta aprovada, está um concurso de artes plásticas, com vista à instalação de um memorial alusivo à vida e obra de Amílcar Cabral na rua com o seu nome (no Lumiar) e a avaliação, em conjunto com as direcções do Festival 5L e Festival Política, da possibilidade de incluir actividades dedicadas a Cabral.
A um nível mais orgânico, o PCP propôs a «criação de um projecto educativo multicultural, com várias turmas das Escolas do 1.º e 2.º ciclo do Ensino Básico», que envolva «a pesquisa, tratamento de informação, e apresentação de trabalhos sobre a vida obra e a pertinência actual do pensamento de Amílcar Cabral, sob o lema: Cabral não morreu – Cabral ca morrê – Cabral ka mori».
Pai de nações, inimigo do Fascismo
«Caracterizado por uma sólida formação política e ideológica, e uma lucidez de raciocínio admirável», considera o documento do PCP, Amílcar Cabral unificou na luta de libertação as várias comunidade culturais e linguísticas da Guiné-Bissau e o povo das ilhas de Cabo Verde, «sendo por isso, justamente, chamado pai destas nações».
Profundamente consciente da situação de «opressão em que vivia o povo português», Amílcar Cabral, reafirmou sempre que «a luta dos povos africanos não era contra o povo português mas contra o governo fascista e colonialista de Lisboa». A libertação dos povos africanos era, e foi, «indissociável da libertação do povo português do fascismo».
Os comunistas consideram que a acção do dirigente do PAIGC é indissociável dos acontecimentos que conduziram ao 25 de Abril, «tendo de ser, com justiça, considerado entre aqueles a quem o nosso povo deve a conquista da liberdade e da democracia». A Semana com o site abrilabril.pt