A notícia mereceu expressões de condolências de figuras do Estado boliviano conotadas com a oposição conservadora contra o esquerdista Luis Arce.
O ex-presidente Jorge Quiroga (2001-02, depois de ter sido vice- entre 1997 e 2001) prestou homenagem ao "cidadão comprometido, um militar honrado, um embaixador extraordinário no México".
Segundo Quiroga, o militar "[d]efendeu a Pátria contra a interferência estrangeira, a democracia contra o neopopulismo autoritário. [D]efendeu a nossa Bolívia". O ex-presidente de direita evocou assim a operação que levou à morte de Che Guevara.
O presidente do partido da oposição Comunidad Ciudadana/Comunidade Cidadã, Carlos Mesa "Bolívia: Morales obtém maioria com mais 10% que Mesa na eleição presidencial, mas EUA e EU pedem 2ª volta, 26.out.019), deixou uma mensagem de pesar pela morte do "militar honrado e homem de bem", a quem teve "a elevada honra de conhecer" e que descreveu como "líder de um feito histórico fundamental da nossa história, a captura de Ernesto Che Guevara. Que repouse em paz ".
Outro tributo refere a "perseguição judicial" contra o ’cadeirante’ general Prado — ferido em missão militar em 1981 — por parte dos opositores no município de Santa Cruz.
Conotado com a oposição ao presidente Morales — oposição antidemocrática que recorreu a atentados orquestrados por Eduardo Rózsa — Prado foi acusado de cumplicidade em 2010 numa intentona contra o recém-eleito presidente, o primeiro indígena no poder. Segundo o empresário santacruzense Samuel Doria Medina, o general "sofreu uma década", "sem nunca perder o aprumo nem o prestígio" pela sua "militância da causa municipal".
Preumonias. Segundo a família, Prado teve nos últimos meses uma "infeção recorrente que se complicou com pneumonias", a que se juntou "uma falha renal".
Sem exéquias do Estado Boliviano. 2023 distingue-se de 2019, ano em que os conservadores apoiados pelos Estados Unidos e União Europeia chegaram à presidência em 2019.
Nesse 2019 do derrube de Morales, a presidente interina Añez ilibou o general Prado de todas as acusações da última década.
Mas a esquerda voltou ao poder (Bolívia: Detida ex-presidente interina que fez cair Evo Morales em 2019, 15.mar.021; Bolívia: Autoproclamada presidente que depôs Evo Morales condenada a 10 anos de prisão, 11.jun.021.
Decerto que terão razão os que estão convictos de que sem o regresso da esquerda ao poder, o general Prado teria exéquias do Estado.
Che Guevara
Foi ao viajar de moto pela América Latina, nos seus dias de estudante da universidade de Buenos Aires, que o argentino Ernesto Rafael ’Che’ Guevara de la Serna, nascido em 1928 numa família abastada, tomou contacto com a pobreza que flagelava do sul ao centro do continente americano e se tornou socialista.
Formado em medicina em 1953 o doutor Ernesto continuou a viajar pela América Latina "pobre e oprimida pelas ditaduras". Em 1955 encontrou Fidel de Castro no México e, a partir daí, juntou-se aos guerrilheiros cubanos como uma das figuras centrais que derrubaram o ditador Fulgencio Batista em 1959.
Como ideólogo duma esquerda que defendia o fim do domínio dos Estados Unidos não só na América Latina, Che traçou planos de combate que envolviam os camponeses nas revoluções dos países do terceiro-mundo em busca da justiça social. Foi assim que viajou também para os territórios colonizados de África e Ásia a dar a sua mão aos processos independentistas.
A sua morte por fuzilamento nesse 9 de outubro de 1967 — seguido de enterro sob anonimato, desvendado só em 1997, ano em que os seus restos mortais tiveram honras de enterro de Estado em Havana — consolidou o estatuto de Che, ícone mundial para gerações de jovens. Não só da esquerda: Che incorpora o ideal do jovem que quer mudar o mundo — etapa de percurso que para muitos só dura o tempo da primavera da vida.
Fontes: EFE/AP/El País... Relacionado: Che Guevara, 09.out.022. Fotos: A fotografia de 5 de março de 1960 fez do ’guerrilheiro revolucionário’ doutor Ernesto ’Che’ Guevara um rosto familiar em todo o mundo. Em outubro de 1967, a execução pelo exército da Bolívia presidida por Barriento elevou o estatuto do argentino-cubano como "mártir" da liberdade.