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Coreia do Norte desafia EUA no caso do soldado desertor T. King "vítima de racismo" 16 Agosto 2023

Esta terça-feira na antevéspera da sessão especial das Nações Unidas sobre a violação dos direitos humanos na República da Coreia do Norte, o governo de Kim Jong-Un confirmou que o soldado Travis King está desde 18 de julho refugiado no país — que o acolheu como vítima de "tratamento desumano e discriminação racial" no exército dos Estados Unidos.

Coreia do Norte desafia EUA no caso do soldado desertor T. King

Esta é a primeira vez que o governo de Kim Jong-Un confirma que o soldado desertor de vinte e três anos se encontra na República da Coreia do Norte. Em comunicado na televisão pública, a KCNA, Travis King é apresentado como uma vítima de "tratamento desumano e discriminação racial" no exército dos Estados Unidos, o que o levou a procurar refúgio no país comunista.

Além dos comentários sobre Travis King, os media norte-coreanos criticaram a próxima reunião das Nações Unidas a pedido de Washington: "Não se contentando com a promoção da discriminação racial e dos crimes ligados à indústria de armas, os Estados Unidos impõem os seus padrões anti-éticos de direitos humanos contra outros países".

Entrada ilegal do desertor

"Durante a investigação, Travis King confessou que a sua decisão de entrar na DPRK [República Democrática e Popular da Coreia (do Norte)] se deve à sua total desilusão diante do "tratamento desumano e discriminação racial" no exército dos Estados Unidos", relata a KCNA. "Ele expressou ainda o desejo de obter refúgio na DPRK ou num terceiro país, por estar desiludido com a desigualdade social na América".

A possibilidade de Travis King obter refúgio no país comunista é escassa, tendo em conta a ênfase que as autoridades norte-coreanas estão a dar à sua entrada ilegal. "Mesmo que o soldado King queira, Pyongyang parece não ter intenção de lhe dar o estatuto de refugiado", afirma Christopher Green, que é um consultor de topo no International Crisis Group, uma organização (think-tank) fundada em 1995.

O especialista considera, em declarações à BBC hoje, que "isto não é nenhuma surpresa", que como refugiado o soldado "perderia todo o valor político" no país de Kim Jong-Un.

Contudo, sublinha Green, a Coreia do Norte "não tem pressa nenhuma em negociar o regresso de Travis King aos Estados Unidos — por agora", em especial tendo em conta o facto de que esta quinta-feira terá lugar a primeira sessão especial das Nações Unidas desde 2017 sobre a violação dos direitos humanos no país da dinastia Kim.

"Têm demonstrado muito claramente os seus laços com Pequim e Moscovo" traduzidos nas "visitas por delegações de topo de ambos os países a Pyongyang nestas últimas semanas. É portanto um erro pensar que a Coreia do Norte quer ou precisa de ter pressa em resolver esta confusão do Travis King", remata Green.

Fontes: AP/BBC/Washington Post/Japan Times/... Relacionado: Este-Leste: Soldado americano é capturado na Coreia do Norte, 19.jul.023. Fotos (KCNA/Getty/cedida pelo avô de Travis): O soldado Travis King desertou cruzando a fronteira da ZDM-Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias no dia 18 de julho, pouco antes do voo para os EUA, onde ia responder em tribunal militar por agressão entre colegas. "Sinto que estou a viver um pesadelo interminável", disse a mãe, Claudine Gates, nos Estados Unidos, referindo que além de sofrer "muitas injustiças" no Exército o filho tivera a saúde mental muito abalada pela prisão na Coreia do Sul.

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