A crise provocada pela epidemia da Covid-19 paralisou (quase) totalmente a indústria turística de Cabo Verde, como acontece em todo o mundo.
A entrada de turistas no Sal, a primeira ilha turística, em 2020 ficou quase reduzida a zero. O principal destino dos turistas tinha registado 819 mil turistas em 2019.
Segundo o gestor da Barracuda Tours, a situação obrigou a despedir "90% do pessoal maioritariamente cabo-verdiano", dado o encerramento da sua sucursal em Portugal e das delegações da Boa Vista, Santiago, São Vicente e Santo Antão.
As perspetivas para o futuro também não se apresentam risonhas, dado o "descontrolo" na gestão da Covid-19 nos principais países emissores de turistas para Cabo Verde.
Empregados passam a empresários
Segundo Ernesto Carneiro, a empresa negociou acordos de rescisão, que permitirão aos trabalhadores despedidos criar a sua própria empresa. A Barracuda proporcionou-lhes "a posse de material, móveis e utensílios, informática e viaturas das delegações", para poderem fazer a gestão de operações futuras e garantir a sua sobrevivência económica.
O ’lay-off’, de acordo com as decisões governamentais, está a ser garantido para os poucos trabalhadores com quem a Barracuda manteve o vínculo laboral, completou o empresário.
Maior problema está nas poucas ligações aéreas
A boa notícia da reabertura encontra um obstáculo que são as poucas ligações aéreas realizadas pelas duas principais operadoras aéreas. A TAP reduziu os 17 voos semanais a partir de Lisboa para três. A CVA que tinha voos a partir de Lisboa e do Sal para vários outros pontos da Europa, Brasil, Estados Unidos e África, está paralisada.
Ernesto Carneiro, nas declarações à Lusa por escrito, descreveu a situação: "Tudo isso está parado, a TAP apenas com alguns voos para Santiago e São Vicente mas que não serão suficientes para ocupar os milhares e milhares de camas no Sal e Boa Vista e outras ilhas".
A parceria da Cabo Verde Airlines e da Icelandair "morreu" porque, considera a mesma fonte, o gestor islandês não vai reativar nem a sua programação anterior nem qualquer tipo de parceria com a companhia de bandeira cabo-verdiana.
"Também não creio que o Estado de Cabo Verde tenha recursos financeiros para manter uma companhia nacional de bandeira quando todos os outros países se estão a tentar desfazer delas reduzindo custos operacionais, vendendo aviões, despedindo tripulações e dezenas de milhares de trabalhadores".
O Estado de Cabo Verde, segundo defende o empresário português, "deveria negociar parcerias com companhias ’low cost’ internacionais que, em negociação direta com o Governo de Cabo Verde, que teria de assumir riscos, garantam ligações aéreas e tarifas acessíveis para Cabo Verde a partir dos principais mercados emissores", afirmou Ernesto Carneiro por escrito.
Travar a pandemia de Covid-19?
Segundo os dados da Worldometers, Cabo Verde regista até hoje (5ªfª, 22) um total de 8.033 casos de Covid-19, diagnosticados desde 19 de março, e 90 óbitos por problemas associados à doença — uma taxa de letalidade (número de de óbitos por milhão de habitantes) de 161, no mesmo período.
A situação turística torna-se ainda crítica dado o ressurgimento de casos e óbitos que estão a verificar-se, nesta vaga de outono, no grupo dos países emissores de turistas para Cabo Verde. A segunda vaga da pandemia está a fazer-se sentir em força na Itália, Inglaterra-Reino Unido, Portugal e Alemanha.
A Itália, Inglaterra-Reino Unido, Portugal e Alemanha registam até hoje (5ªfª, 22) um total de 449.648, 762.542, 106.271 e 391.355 casos de Covid-19 e uma taxa de letalidade (número de de óbitos por milhão de habitantes) de 609, 655, 219 e 119, respetivamente, segundo o site da Worldometers. Esta entidade publica em tempo real os dados da Johns Hopkins University e dos sistemas nacionais de Saúde.
Fontes: Lusa/Outras referidas. Foto promocional do turismo na ilha do Sal.