Só nos Estados Unidos, contam-se "de março a setembro, pelo menos 19.813 funcionários [que] adoeceram", devido ao coronavírus — divulgou a Amazon esta sexta-feira, quase nove meses decorridos sobre os primeiros casos de Covid-19 entre os entregadores da empresa de comércio eletrónico.
Os quase vinte mil contagiados, em dois trimestres e só nos Estados Unidos, correspondem a c.1,44% dos 1,37 milhões de empregados da Amazon e subsidiária Whole Foods.
Mundo em casa, Amazon traz tudo
Ao longo destes dez meses em que o mundo esteve fechado, a gigante da distribuição — fundada em 1994 para a distribuição de livros — foi para muitos o único elo com o exterior, trazendo todos os bens necessários às casas.
Os alertas dos funcionários serviram para que tanto sindicatos como entidades oficiais se posicionassem para denunciar que a Amazon estará a pôr em risco a saúde dos seus trabalhadores.
A gigante do comércio eletrónico persistiu em não fechar, sob a justificativa de que a taxa de infeção na empresa "está muito mais baixa do que a média", porque "introduz[iu] medidas de distanciamento social e de higienização a cada 90 minutos, distribu[iu]100 milhões de máscaras, f[e]z 150 tipos de alterações logísticas e implement[ou] medições de temperatura nas suas instalações em todo o mundo".
Para apoiar essa afirmação e similares, montou a sua própria central de estatísticas que alegadamente prova que o seu "desempenho é melhor que a média mundial", já que se não fosse pelas "medidas sanitárias eficazes" a taxa de infeções seria 50% maior", com "33.952 trabalhadores doentes" de Covid.
A decisão controversa de manter-se em atividade, mesmo com a infeção a crescer entre os entregadores, fez a empresa crescer 40 por cento no trimestre seguinte: em junho totalizava 89 biliões de dólares (8 mil milhões de contos), com um lucro de 6,2 biliões de dólares (520 milhões de contos) — o maior nos seus 26 anos de atividade.
Fontes: BBC/WSJ/Amazon.com/Reuters. Foto(Reuters): A decisão controversa de manter-se em atividade, mesmo com a infeção a crescer entre os entregadores, fez a Amazon tornar-se a empresa mais lucrativa do comércio eletrónico.