"Vemos as taxas de crédito a caírem durante 2023, encorajando a contração de crédito pelas famílias e pelas empresas; ao mesmo tempo, antevemos que o abrandamento do crédito na dívida pública interna vai reduzir a intervenção do Governo, dando mais espaço para os bancos emprestarem ao setor privado", escrevem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.
Numa nota sobre a evolução do crédito bancário, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions salienta que, apesar do crescimento previsto de 8,4%, "os empréstimos ficarão abaixo da média histórica de 11,4% entre 2012 e 2021, o que está ligado ao facto de a taxa relativamente alta de crédito mal parado manter os bancos cautelosos na altura de emprestar dinheiro".
O aumento do crédito aos clientes está também relacionado com a ajuda externa de que Moçambique tem beneficiado nos últimos trimestres, primeiro com o acordo financeiro alcançado com o Fundo Monetário Internacional, em maio, no valor de 456 milhões dólares (433,2 milhões de euros), e depois com a subvenção de 300 milhões de dólares (285 milhões de euros) do Banco Mundial, em julho do ano passado.
De acordo com a Fitch Solutions, o volume de empréstimos deverá ter passado de 266,6 mil milhões de meticais (quase 4 mil milhões de euros), em 2021, para 279,9 mil milhões de meticais (4,1 mil milhões de euros) no ano passado, o que representa uma subida de 5%.
"Em 2023, vemos o crescimento dos empréstimos a acelerar para 8,4%, e antevemos que a inflação vá abrandar de uma média de 9,5% em 2022 para 8,3% este ano, o que significa que as taxas de juro deverão cair em 2023, principalmente porque o Banco de Moçambique vai continuar a manter a sua taxa diretora em 17,25%, encorajando a subida da contração de crédito pelas famílias e pelas empresas", conclui-se na nota.
A Semana com Lusa