"Há um claro desinvestimento e retrocessos graves em matéria de energia, em todo Cabo Verde. A transição energética continua sendo uma falácia e não há praticamente mais nada de concreto para além do vamos fazer”, ressaltou Luís Pires, deputado e membro do Conselho Nacional.
Este porta-voz do maior partido da oposição lembrou que a Central Única do Fogo, a terceira do país, montada pelo Governo do PAICV, foi inaugurada em 2016, para reforçar a capacidade de distribuição de energia na ilha e representa um investimento no valor de 5.8 milhões de euros.
Segundo disse, quase 8 anos depois, temos um Governo que, além de não ter feito mais nenhum investimento relevante neste setor, não consegue sequer fazer a manutenção das grandes obras herdadas.
Referenciou, por outro lado, o abandono da moderna Central Fotovoltaica, construída pelo Governo do PAICV, entre Luzia Nunes e Patim e que custou mais do que 100 mil contos, é, para o seu partido, "um crime e ilustra muito bem a insensibilidade deste Governo".
Salientou ainda que a referida Central Solar já debitava na rede da Eletra mais do que 80% da sua capacidade, quando teve pequenos problemas em duas das 17 torres.
"Este Governo não tem como justificar o abandono de um projeto dessa envergadura que poderia estar, neste momento, a ajudar na bombagem da água, evitando o corte deste bem essencial, que também já se verifica, agudizando ainda mais os problemas", pontuou.
Retrocessos por falta de investimentos no sector
Indo mais longe, Pires enfatizou que se não houver intervenções de fundo por todo o país, na manutenção da herança do PAICV e na maior penetração das energias renováveis, Cabo Verde corre o risco de retrocessos ainda piores do que nos finais dos anos noventa, reeditando o macabro cenário vivido na altura com - “luz dja bá, luz dja bem”.
Referindo-se ainda à situação dramática de corte de energia vivida nos últimos dias no Fogo, alertou para o seguinte. «Não há planeamento do setor e, pelas informações, estas manutenções no Fogo deveriam ser feitas em 2019 e foram adiadas; o motor velho recentemente enviado ao Fogo criou ainda mais problemas e esta gestão do tchapa-tchapa pode comprometer o país inteiro», denunciou Luís Pires, para quem esta situação é grave e o povo e as autoridades do Fogo não querem apenas explicações deste Governo, mas exigem a reposição urgente da normalidade no fornecimento de energia em toda a ilha.
De saleintar que a Elctra acaba de anunciar o início da normalização do fornecimento de energia no Fogo (ver este jornal).
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