"Só não ficou mesmo foi a roupa", desabafou (sob anonimato) aos microfones da Rádio Renascença no domingo 19, a representante duma escola de Lisboa. Os demais bens, desde tendas, sacos-cama e cobertores, a produtos de higiene e enlatados foram aceites pela representação diplomática turca.
Prossegue a professora em representação da sua escola: "Não faz sentido esta atitude da embaixada. Eu entendo a falta de capacidade de triagem, a questão das doenças, mas se nós tivéssemos a consciência de que só aceitariam bens em primeira-mão, nós não levaríamos bens que não fossem em primeira-mão, independentemente de não nos fazer sentido. Não faz sentido de todo, não, não faz, mas, se fossem as regras, nós tínhamos de cumprir".
Tem fundamento e faz sentido este tipo de pedidos, em que se inclui a exigência de bens novos e etiquetados, alega quem tem experiência no terreno.
Uma médica de saúde pública, que já trabalhou na coordenação de emergências humanitárias, revelou nessa emissão da RR que a qualidade dos produtos, a zona geográfica bem como a logística, são fatores que podem condicionar a entrega às populações.
"A roupa pode-se rasgar por estar muito usada ou nomeadamente estar mais suja, não ter sido lavada e, portanto, naturalmente, quer-se evitar ao máximo, sobretudo quando a situação já é de emergência", explicou.
A médica Mariana Duque sublinha que estas situações de catástrofe são muito difíceis quer pelo transporte, quer "por condições geográficas, ou por condições climatéricas".
Se os produtos não chegam em condições apropriadas, acabam por não servir às populações que deles precisam. "Não queremos que estejam a ser no fundo incluídos nesta cadeia, que já é difícil e complexa de manter", rematou.
Fontes: RR.pt/JN.pt/RTP.pt...