O governante teceu as considerações à Inforpress ao presidir as actividades do Dia Nacional do Pescador, assinalado hoje, e garantiu que na óptica das mudanças há necessidade de se fazer a transição da pesca artesanal para a semi-industrial e dotar os pescadores de instrumentos de trabalho como “embarcações de maior porte, capacidade e durabilidade”.
Por outro lado, conforme a mesma fonte, o Estado deve dotar os pescadores de instrumentos de navegação que permitem identificar os bancos de pesca e em terra ter infra-estruturas de apoio para produção de gelo e transformação do pescado.
Outro dos desafios apontado pelo governante é a formação de pescadores e peixeiras.
Quanto aos constrangimentos relacionados com a escassez de pescado, Abraão Vicente esclareceu ser uma realidade não somente de Cabo Verde, mas, de todos os países e, neste sentido, “há que acelerar a atracção de investimentos na aquacultura”.
“É preciso que Cabo Verde também comece a aprofundar a consciencialização face a nova realidade, a nova conjuntura dos oceanos, que têm sofrido um impacto brutal da pesca excessiva, pesca ilegal e não declarada”, advogou o ministro do Mar.
Os pescadores e peixeiras, asseverou, também devem apostar na prevenção, fazendo poupanças e também se servindo da previdência social para ter alguma segurança no futuro.
Do lado do ministério, o governante garantiu estarem a dar todo o suporte, por exemplo, com o projecto nacional, que já entregou “mais de 40 botes fibrados” nas ilhas de Santiago e Fogo e, por outro, também nas linhas de micro-crédito, que, segundo a mesma fonte, esgotaram-se totalmente, exigindo o reforço de 2.500 contos cada, para duas das instituições promotoras.
“É preciso que haja esse espírito empreendedor de armadores nacionais voltados para a pesca”, reiterou, admitindo estar “muito optimista” em relação ao futuro do sector.
Um optimismo, que, ajuntou, também se baseia nas relações internacionais, uma vez que Cabo Verde lidera actualmente a Comissão Regional das Pescas da Sub-região, que deverá se reunir em Março para a passagem da presidência.
Abraão Vicente adiantou que durante o encontro dos líderes africanos também se vai aproveitar para “aprofundar” as parcerias com Senegal e Mauritânia, com quem o País tem fronteiras marítimas mais próximas, e alargar oportunidades do sector.
“Temos que pensar o sector muito além dos problemas individuais, que vão sempre existir. Cabo Verde tem, de facto, lacunas profundas na planificação do sector, mas para a sua transformação todos têm de contribuir, desde Governo, armadores e os próprios pescadores”, considerou.
Abraão Vicente exortou os pescadores a terem consciência de que a área das pescas é “absolutamente crucial” para o arquipélago e, por isso, deixou uma “palavra de confiança, de incentivo, e apreço pelo trabalho que fazem em nome de Cabo Verde”.
O Dia Nacional do Pescador está sendo assinalado em São Vicente com várias actividades, como exposições, palestras, corrida de botes e outras, na cidade do Mindelo, e nas comunidades piscatórias de Salamansa e São Pedro.
Entretanto, um pouco por todo País, em parceria com a Escola do Mar, as câmaras municipais e associações de pescadores locais, realizam-se actividades com vista a celebrar esta data e mês dedicado aos pescadores.
O Dia Nacional do Pescador comemora-se hoje e foi instituído por resolução do Conselho de Ministros nº5/2003 de 24 de julho, com vista a prestar um “justo reconhecimento” aos pescadores cabo-verdianos e homenagear a memória de todos aqueles que ao longo dos anos têm se dedicado à actividade da pesca.
A data objectiva ainda alertar a população para a necessidade de “maior valorização” da actividade da pesca e incentivar as comunidades piscatórias a participar e usufruir do processo de desenvolvimento nacional. A Semana com Inforpress