“Não é bom usar a figura do Presidente da República na campanha. Não é bom politicamente para a nossa democracia, mas também para o próprio Presidente. Se as coisas não correrem bem para o Madem, como é que vai ficar o Presidente da República”, questionou Nuno Gomes Nabiam, que é também primeiro-ministro, em entrevista à Lusa.
O Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), partido do qual o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, é um dos fundadores e que também integra o Governo guineense, está a utilizar a imagem do chefe de Estado nos seus cartazes de campanha eleitoral.
Tanto o coordenador do Madem-G15, Braima Camará, como o Presidente guineense, declararam à Lusa que a utilização da imagem não é inconstitucional. O chefe de Estado reforçou a posição, autorizando todos os partidos a utilizarem a sua imagem na campanha eleitoral, que teve início no sábado e termina a 02 de junho.
O líder da APU-PDGB defendeu que o Madem-G15 “deve repensar a decisão”.
“Esta campanha é política, é dos partidos, e o Presidente da República está acima de todos os partidos. Se esse proveito não correr bem, quem fica amarrado com isso é o Presidente da República”, explicou Nuno Gomes Nabiam, referindo-se à possibilidade de nenhum partido conseguir a maior nas eleições legislativas e terem de se negociar coligações governamentais ou parlamentares.
Duas coligações e 20 partidos políticos iniciaram sábado a campanha eleitoral para as sétimas eleições legislativas da Guiné-Bissau, depois de o parlamento guineense ter sido dissolvido há quase um ano.
Segundo os dados definitivos do recenseamento eleitoral apresentados pelo Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral, no total foram recenseados 893.618 eleitores, dos quais 459.609 são mulheres e 434.009 são homens.
O Presidente da Guiné-Bissau dissolveu o parlamento em 18 de maio de 2022, alegando grave crise política, e marcou inicialmente eleições para dezembro do mesmo ano, mas que acabaram por ser adiadas para 04 de junho a pedido do Governo e depois de ouvidos os partidos políticos.
A Semana com Lusa