Em entrevista à agência Lusa, Sissé, de 40 anos, líder do partido cujo nome – PAPES – significa no crioulo guineense pais – quer uma rotura com a forma de fazer política no país já a partir das eleições legislativas do próximo domingo.
“O país está no abismo e vamos combatê-lo. Decidimos que vamos combater o crime organizado, tráfico de droga e crimes transnacionais que estão cada vez mais a ameaçar invadir a Guiné-Bissau”, observou o líder de um dos 20 partidos que concorrem às eleições.
Malam Sissé define o PAPES como partido liberal socialista de centro-esquerda criado para servir os guineenses, mas ancorado na juventude e nas mulheres, principais franjas da população do país, notou.
O PAPES tem no fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, Amílcar Cabral, como exemplo de entrega à Pátria.
Malam Sissé observou que Cabral tinha 32 anos quando decidiu criar o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) para liderar a luta armada contra a presença colonial portuguesa nos dois territórios.
O PAPES está na corrida eleitoral, mas não se revê na forma como muitos concorrentes ao cargo de deputado “esbanjam meios” com os quais tentam angariar votos.
“As pessoas estão a procurar imunidade parlamentar para poderem sustentar o crime que estão a fazer contra o Estado, contra o guineense, contra a Guiné-Bissau e contra o mundo todo”, afirmou Sissé.
O propósito do PAPES é chegar ao parlamento, “de forma limpa”, para ajudar a promover a mudança no país e desta forma devolver ao guineense a sua história e a dignidade, observou o líder do partido que tem como símbolo uma cabaça.
Na tradição guineense a cabaça simboliza unidade e harmonia.
Malam Sissé pretende igualmente estancar a fuga de jovens para o estrangeiro por não acreditarem na Guiné-Bissau.
Este filho de camponeses, nascido no bairro de Cupelão, no centro de Bissau, disse à Lusa que “teve a oportunidade de estudar em Portugal” onde se formou em administração publica e com uma especialização em engenharia de processos.
Quando regressou ao país, fundou três centros de formação para jovens, um dos quais um instituto superior, Malam Sissé percebeu que não conseguia operar as mudanças que pretendia sem ser através da política.
No dia 25 de maio de 2021, Malam Sissé fundou, juntamente com alguns “jovens quadros” guineenses o PAPES que tem como lema: "I Djusta" – que em crioulo quer dizer basta.
Por não ser um partido “que saiu dos outros e nem de dissidentes” de outras formações políticas, Sissé entende que pode aplicar a sua formação em Portugal para ajudar, com o PAPES, a mudar o país.
“Não queremos ver um país em que todos os jovens querem fugir, prova de que não acreditam que têm um futuro, que tem tudo para dar, um país em que está tudo por fazer”, afirmou o político que vê a Guiné-Bissau, antes, como “uma oportunidade”.
Malam Sissé quer ser primeiro-ministro, para colocar os jovens no aparelho governativo, mas antes promover a sua formação, para trabalharem para erradicar a pobreza e o analfabetismo e desta forma acompanhar a evolução do mundo.
O líder do PAPES pretende ver os jovens guineenses no mercado mundial que disse estar numa “velocidade supersónica” enquanto o país “está a gatinhar e de marcha atrás”.
O PAPES é um dos 20 partidos e duas coligações que concorrem às eleições legislativas do próximo domingo.
A Semana com Lusa