O comissário da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou esta quarta-feira que “o terrorismo cometido por colonos judeus” na Cisjordânia ocupada provocou a morte de um grande número de civis e avisou que a situação “está fora de controlo”.
Borrell sublinhou que “é urgente Israel proteger os civis palestinos na Faixa de Gaza-Cisjordânia ocupada contra a violência dos colonos”, segundo o comunicado referindo ainda que “um grande número de civis palestinos foram obrigados a deixar as suas casas desde 7 de outubro".
Nakba faz refugiados há 75 anos. Jabalia
O círculo vicioso da vingança tem marcos como o bombardeamento do Al-Jalal realizado contra "figuras de topo do Hamas que estavam reunidas no edifício de três pisos instalado no campo de refugiados de Gaza" há dois anos ( Israel-Palestina: Mísseis fazem centenas de vítimas, 17.mai.021); .
Esse círculo intestino da vingança israelo-palestino começou ainda durante o mandato britânico. Prolongou-se até ao final de 1948, quando também acabou a primeira guerra israelo-árabe que se iniciou mal Israel declarou a independência, a 14 de maio de 1948.
Há 75 anos cerca de 700 mil árabes da Palestina protagonizaram o seu "Êxodo", a que deram o nome Nakba/ Catástrofe. Deixaram as suas casas para se refugiarem nos países vizinhos ou nos territórios que não foram ocupados pelo exército judeu durante a guerra da independência.
Mas se em 1948 Israel ocupou os territórios da Palestina, em 1949 também o Egipto ficou com a Faixa de Gaza e a Jordânia ficou com a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Cidade Velha.
Com a guerra dos Seis Dias tudo se alterou e o exército israelita vitorioso ocupou esses territórios, assim como a Península do Sinai (Egipto) e os Montes Golã (Síria). O acordo de paz de 1979 com o Egipto foi acompanhado pela devolução do Sinai (e pelo desmantelamento dos colonatos que, entretanto, aí tinham sido construídos).
Os territórios ocupados que restam podem dividir-se em três grupos: Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. A sua situação é diversa. Em 2005 Israel retirou-se unilateralmente da Faixa de Gaza, entregando a sua gestão à Autoridade Palestiniana e desmantelando os colonatos que aí tinham sido construídos.
Grande parte da Cisjordânia também já está sob controlo da Autoridade da Palestina, mas aí Israel não só não desocupou os colonatos como tem vindo a expandi-los. Para se proteger da vaga de ataques suicidas nas suas cidades e da infiltração de terroristas, construiu também o “muro”, contestado sobretudo por consagrar a interpretação israelita das “linhas de fronteira” com territórios palestinianos.
Quanto a Jerusalém Oriental o seu estatuto é um dos temas mais complexos das negociações de paz. Por um lado, tanto Israel como a Autoridade da Palestina pretendem fazer de Jerusalém a capital dos seus estados. Por outro lado nunca Israel abdicou de continuar a construir bairros novos nas áreas que, antes da guerra de 1967, estavam do lado árabe.
6 grupos de DH: Israel chama-lhes terroristas
Israel declarou-os terroristas na sexta-feira, classificando-os "facções de uma milícia que tem cometido ataques terroristas desde o início de 1960", referindo-se à FLP-Frente Popular de Libertação da Palestina. Este grupo, que não reconhece o Estado de Israel, tem desde os anos de 1960 realizado diversos ataques por terra e ar, além de ataques suicidas durante a Segunda Intifada (Revolta) no início deste milénio.
"Uma acusação ridícula", disse o diretor do Al-Haq, que é o grupo mais visível na denúncia de violações de direitos humanos cometidas por Israel e PA-Autoridade da Palestina, na Faixa Ocidental/Cisjordânia; na Faixa de Gaza pelo Hamas, autoridade que controla a região desde 2007.
A negação em uníssono é reivindicada pelos líderes dos seis grupos — Al-Haq, Addameer, DCI-Defence for Children International Palestine/Defesa Internacional para as Crianças da Palestina, Bisan Center for Research and Development /Centro Bisan de Investigação e Desenvolvimento, Union of Agricultural Work Committees/Comités de Trabalho de Sindicatos da Agricultura, Union of Palestinian Women’s Committees/Central Sindical de Comités das Mulheres da Palestina.
Em reunião online com outras organizações internacionais, os líderes das ONGs palestinas negam e pedem a reposição da verdade para poderem continuar o seu trabalho pelos direitos humanos na faixa de Gaza.
"Tentam ilegalizar-nos para levar a comunidade internacional a recear-nos e cortar a comunicação conosco," afirma Sahar Francis, o diretor de Addameer, que defende os direitos dos prisioneiros palestinos nas penitenciárias de Israel. "É sobretudo o trabalho com as ONG israelitas que vai ser mais afetado", acrescentou na sexta-feira durante um online dos seis grupos com a WHRO, a Fundação Carter e outras ONGs nos Estudos Unidos.
A classificação dada pelo ministro da Defesa, Benny Gantz, "está a chocar os doadores internacionais" e trouxe divisões na coligação governamental.
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Fontes: Le Monde.fr/Andalou.tk/ BBC/Euronews. Fotos (Getty): Em Rafah, c. 90 feridos palestinos deixaram Gaza de ambulância rumo ao Egipto para serem tratados. Também saíram do enclave 545 binacionais e estrangeiros que segundo as autoridades palestinianas foram autorizados a passar pelo único acesso para o exterior que não é controlado pelos israelitas.