Entre os diários que cancelaram a banda desenhada ’Dilbert’ estão o Washington Post e os mais de 300 títulos — o Boston Globe, o Los Angeles Times — que fazem parte dos grupos Gannett e USA Today.

A decisão destes jornais foi divulgada depois de Scott Adams ter afirmado, na quarta-feira, numa transmissão em direto na plataforma digital YouTube, que a comunidade negra dos Estados Unidos é "um grupo de ódio" e que os brancos deveriam "afastar-se dela".

Num comunicado, o grupo Gannett justificou a sua decisão de cancelar a BD ’’Dilbert’ com os "comentários discriminatórios" do seu autor e explicou que, embora respeite a liberdade de expressão, a opinião de Adams "não está em linha" com os valores do grupo editorial.

O Washington Post indicou no sábado, através de um porta-voz, que tinha recebido chamadas dos leitores a pedir que rescindisse o contrato com Adams. No domingo, Dilbert foi retirado da maioria das suas edições impressas.

O MLive Media Group, com uma dezena de jornais na imprensa regional do Michigan, cancelou a colaboração. "Não vamos pagar para ouvir parvoíces racistas", rematou.

Um dos maiores grupos de comunicação social norte-americanos, o popular USA Today também rompeu com Adams. Em defesa deste, replicou Elon Musk nas colunas do seu Twitter: "O USA Today é um exemplo dos Media que, que depois de "décadas de racismo de brancos contra negros" têm nos últimos anos sido "racistas contra os brancos".

Algumas edições mantinham este domingo, contudo, o cartune, "porque a ordem não chegou antes da impressão". Na internet, porém, foi totalmente eliminado.

Através dos olhos de Dilbert, o cartoonista satirizou, desde 1989, diferentes situações do mundo laboral: a excessiva burocracia empresaria, as difíceis relações com os chefes, as diversas ligações que se estabelecem entre colegas de trabalho, entre outras.

Criador reforça defesa de "racismos" no meio laboral

Scott Adams, de 65 anos, em vídeo este sábado lamenta o fim da BD Dilbert mas defende a sua posição: "Aconselho-te a ser absolutamente racista, sempre que isso te traga vantagem e isso vale tanto para homens e mulheres, pretos e brancos, asiáticos e hispânicos".

Para Adams, que se diz vítima de falsidades, o que ele fez "foi o contrário de racismo, mas também racismo". Questiona: "Quem é que discorda da ideia de que deves ficar longe dos que não gostam de ti?"

"Lembram-se da regra do Pence?", prosseguiu Adams referindo-se ao vice-presidente Pence (2017-20219 como o exemplo dos que fazem tudo para evitar a mediática acusação de assédio. Pence tem uma regra: "nunca estar num almoço ou jantar com uma mulher que não seja a esposa", segundo evocou Adams.

Fontes: AP/Washington Post /LA Times/Daily Mail.uk/...