Para o comentarista \" O PROBLEMA NÃO É ESSE....

Um óptimo comentário. Infelizmente não creio que o mesmo, apesar de bem formulado e conter toda a verdade, vai ter qualquer efeito.
Quem sabe!

Fiquei confuso. Afinal, o serviço é ou não gratuito? A Procuradoria diz que \"empresas chegaram a cobrar 180 euros por um serviço que é gratuito\", enquanto o senhor Embaixador, por seu lado, diz que \"introduziu desde julho do pré-pagamento de uma taxa de serviço de 4.440 escudos (40 euros) no ato de agendamento de pedidos de visto nacionais, para evitar o monopólio por terceiros.\" Em que ficamos? Fiquei baralhado.

Parece-me que eles estão a desviar o foco do problema.
Existe um problema com a atribuição de vistos, sim. Nesse problema, pode-se enumerar uma série de pontos:
1 — O montante a pagar, que não é devolvido se o visto não for atribuído (por favor, não me digam que 8.000$00 é pelo «serviço»!!!);
2 — O atraso na resposta — os prazos para a viagem, os prazos para os seguros expiram; é contra a lei o CCV reter o passaporte de alguém por tempo indeterminado, um cidadão deve ter o direito de pedir seu passaporte de volta imediatamente se assim o necessitar;
3 — A não explicação do porquê da não atribuição de um visto — se uma pessoa não souber porque é que não lhe atribuíram um visto, não saberá que erro colmatar para que lhe atribuam o visto da próxima vez que pedir — o que é, no mínimo, falta de educação;
O maior problema, no entanto, é o agendamento em si. Quando se acede ao site para agendar, nunca há vagas. Pelo menos, é aquilo que dizem. Quem, por algum milagre, consegue agendar, só encontra vagas para daqui a um mês ou mais. Ora bem, não é preciso ser um génio em matemática para fazer contas. Quanto tempo demora entregar a papelada para pedir um visto? Portanto, quantas pessoas conseguem atender por dia? Vocês acreditam, sinceramente, que existe tanta gente assim, em Cabo Verde, a pedir um visto? De modo que as vagas estão todas preenchidas durante meses? E, por acaso, nós vemos essa quantidade de pessoas a viajar?
Quer dizer que alguma coisa está a funcionar mal. E não venham dizer que são terceiros que açambarcam as vagas. Senão, vejamos:
1 — O próprio site de agendamentos não parece profissional, não parece honesto. Não existe nenhum contacto (endereço eletrónico ou telefone) para entrar em contacto com o serviço se houver algum problema técnico.
2 — Seria mais honesto se publicassem o mapa de agendamentos. Assim, pelo menos, uma pessoa veria que os agendamentos estão cheios e programaria a sua vida de acordo com isso. Sem publicar o mapa de agendamentos, nós só podemos confiar na palavra deles quando alegarem que não há vagas.
3 — Se nós soubermos de antemão quando é que haverá vagas, nós podemos programar nossa vida. Eu sei de uma pessoa que teve de alterar a data da passagem duas vezes (com os repetivos custos) e fazer um novo seguro duas vezes, porque não estava a conseguir agendar.
4 — É humilhante deixar as pessoas à espera na rua, ao sol, à porta do CCV. Se existe agendamento para entregar a documentação, já sabem que fulano vai estar lá no dia X, à hora Y, portanto, esse fulano não tem necessidade de ficar à espera na rua, é só ele chegar a horas e entrar. Se no CCV deixam as pessoas na rua, e depois elas são chamadas pelo nome, quer dizer que o serviço está a funcionar mal.
5 — Ouvi relatos que não deixam as pessoas entrarem com telemóvel. Se isso for verdade, é caso para a polícia investigar. Se eu não estou em erro, segundo a lei de Cabo Verde, é proibido impedir uma pessoa de entrar com seu objeto pessoal. Nos casos em que o telemóvel pode causar perturbações (hospital, dentro do avião, etc.), aquilo que se pede é para desligar o telemóvel, não proibir a entrada. Se eu não estou em erro, e se isso for verdade, o CCV está a praticar uma ilegalidade.
Tudo isto aponta para uma falta de profissionalismo, quiçá, uma falta de honestidade por parte da entidade que faz os agendamentos. É muito simples: ESSA ENTIDADE NÃO ESTÁ A FORNECER UM SERVIÇO SATISFATÓRIO! E, se é assim, as autoridades de Cabo Verde deviam pura e simplesmente dizer «não, obrigado, nós não queremos vosso serviço assim». Em qualquer outra situação na vida, seria assim. Se alguém não presta um serviço como deve ser, é mandada embora.
Eu não percebo porque é que as autoridades de Cabo Verde não têm a coragem de dizer à entidade que agenda os vistos que está a fazer um mau trabalho, portanto, ou passam a fazer um bom trabalho ou eles não precisam existir de todo. Por incrível que pareça, antes de haver essa história de agendamento por internet, os serviços funcionavam. Podia ser mais trabalhoso para os funcionários, as pessoas deviam fazer filas na rua, ao sol, mas funcionava. Lembrem-se de aquilo que Beto Dias dizia: «Si ê pa más pior qui quel-la, nhôs ta dexaba-nôs cu quel-la. Anôs, nu staba confortadu cu quel pôcu qui nu tinha.».