António Trindade começou por referir "dificuldades em levantar financiamento", já que "os bancos têm dificuldades em investir na agricultura". E explicou: "O banco é que tem de apresentar o projeto ao Governo para financiar, se eles quiserem financiar. Se não quiserem financiar e se eu tiver outras entidades que queiram financiar, não têm a garantia do Governo".
"Não faz sentido nenhum", reforçou o empresário, questionando ainda se o financiamento serve "para apoiar os bancos ou a atividade económica".
Fundada em 1987, a CESL Asia, empresa de matriz portuguesa em Macau, opera na área de serviços de alto valor na consultadoria e operação de infraestruturas críticas, públicas e privadas, tendo adquirido em 2019, no Alentejo, o Grupo Monte do Pasto, o maior produtor português de bovinos.
Recentemente, a empresa começou a comercializar em Hong Kong carne de vaca sustentável.
Ainda no que diz respeito aos obstáculos ao investimento no setor agrícola, o empresário disse que a CESL Asia "tem condições e vontade" para desenvolver no Monte do Pasto "aquilo que se chama o uso duplo do terreno para a agricultura, na perspectiva da agricultura - aumentar-lhe capacidade com energia solar".
"Pois é muito difícil (...) Portugal precisa hoje de assegurar que os terrenos são usados para produção de alimentos, primeiramente, e depois perceber que não pode concorrer a produção de alimentos com a produção de energia solar, tem de trabalhar em conjunto", explicou o responsável à Lusa, por ocasião da MIECF 2022 - Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau, que se realiza entre hoje e domingo.
"Um terreno de sequeiro na zona ali do Monte de Pasto para solar aluga-se por 1.500, 2.000 euros o hectare por ano, se for para a agricultura aluga-se por 50 a 100 euros. É completamente irracional", completou.
A Semana com Lusa