“Talvez ele queira dizer 3.000 milhões de escudos [27,2 milhões de euros]. Em todo o caso, tem que esclarecer se são 3.000 milhões de contos [27,2 mil milhões de euros] ou 3.000 milhões de escudos, porque é uma diferença enorme”, afirmou, questionado pela Lusa durante a apresentação das principais conclusões e decisões do Relatório de Política Monetária de abril, do BCV.
“São duas realidades diferentes. Porque 3.000 milhões de contos não há nenhuma câmara do país que consiga pagar o serviço da dívida. É muito, muito dinheiro. Mas 3.000 milhões de escudos é outra realidade. O pessoal tem que aprender a diferenciar mil contos [um milhão de escudos] de 1.000 milhões”, ironizou.
Óscar Santos liderou, pelo Movimento para a Democracia (MpD, no poder em Cabo Verde desde 2016), a Câmara da Praia, mas falhou a reeleição nas eleições autárquicas de outubro de 2020. A câmara da capital passou então para as mãos de Francisco Carvalho, candidato pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), desde então com várias polémicas e atritos com o Governo do MpD.
O secretário-geral do PAICV, Julião Varela, afirmou no sábado que a autarquia da Praia “herdou da antiga gestão uma dívida de mais de 3.000 milhões de contos que não tem como pagar”, pedindo a compreensão das empresas.
“Ele tem que saber a diferença entre 3.000 milhões de contos e 3.000 milhões de escudos. São duas dimensões diferentes. Sabendo essa diferença, aí saberei responder”, respondeu ainda Óscar Santos.
O Tribunal da Comarca da Praia determinou em 02 de maio a penhora de duas viaturas da Câmara Municipal da Praia por causa de dívidas acumuladas com a empresa Ambiente e Gestão Integrada de Resíduos (AGIR), entre o ano de 2015 e 2019.
Em comunicado de imprensa, a autarquia agora liderada, sem maioria, por Francisco Carvalho, esclareceu que em causa está uma dívida do município para com a empresa no montante de 34.284.599 escudos (311 mil euros), referentes à prestação de serviços de recolha de lixo ao domicílio e a estabelecimentos comerciais na cidade da Praia, fruto de um contrato firmado com a Câmara Municipal da Praia, então liderada por Ulisses Correia e Silva, atual primeiro-ministro, e posteriormente Óscar Santos, em 2011 e renovado em 2015.
A Semana com Lusa