"A recente crise de quatro anos mostrou o papel do FMI como uma componente essencial da rede de segurança de África, particularmente para os países com limitadas reservas; a procura por assistência concessional aumentou dramaticamente entre 2020 e 2022", lê-se num relatório especial sobre o continente africano, divulgado no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem em Marraquexe.
"O FMI forneceu aconselhamento político e financiamento de 45 mil milhões de dólares [42,4 mil milhões de euros] desde o início da pandemia, muito do qual em termos altamente concessionais, bem como 34 mil milhões de dólares [32 mil milhões de euros] em alocações de Direitos Especiais de Saque (SDR), num total de cerca de 80 mil milhões de dólares [75 mil milhões de euros]", acrescenta-se no documento com o título ’Perseguindo um Crescimento e uma Resiliência Mais Fortes’, em que se salienta que 30 dos 54 países africanos estão ao abrigo de um programa de assistência financeira.
Só este ano, o FMI já desembolsou 3,8 mil milhões de dólares, cerca de 3,5 mil milhões de euros, havendo seis países (Quénia, Marrocos, Níger, Ruanda, Seicheles e Senegal) com programas aprovados, desde dezembro de 2022, no âmbito do novo Mecanismo de Resiliência e Sustentabilidade, vocacionado para ajudar os países mais frágeis a lidarem com os choques climáticos.
Além disso, o Burkina Faso, Guiné-Conacri, Malaui e Sudão do Sul receberam 358 milhões de dólares, o equivalente a 337 milhões de euros, da nova Janela contra os Choques Alimentares, criada pelo FMI para ajudar os países a enfrentarem as dificuldades na garantia da segurança alimentar, uma preocupação aumentada com o corte de abastecimento de cereais da Ucrânia e da Rússia desde fevereiro do ano passado.
No relatório especial divulgado hoje, o FMI alerta que "a capacidade para continuar a emprestar a estes elevados níveis depende da disponibilidade dos recursos concessionais" e assume que "isto é um desafio", defendendo mais contribuições dos países-membros do FMI para o Fundo de Redução da Pobreza e Crescimento.
"Ajudar o continente a fazer mais progressos vai garantir uma economia global mais resiliente e próspera para todos", conclui-se no relatório.
A Semana com Lusa