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Foco dos investidores desviou-se de África apesar do crescimento económico - OCDE 12 Julho 2023

O investimento estrangeiro em África caiu de 12% para 6% do total mundial em quatro anos, apesar do continente ostentar a segunda maior taxa de crescimento económico do mundo, revelou hoje a OCDE, apontando razões e algumas recomendações.

Foco dos investidores desviou-se de África apesar do crescimento económico - OCDE

O investimento direto estrangeiro (IDE) em novos projetos diminuiu de 12% do total mundial em 2017 para menos de 6% em 2021 – em comparação com 15% para a Ásia e 10% para a América Latina e as Caraíbas, revela a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) num relatório.

A baixa confiança dos investidores e o maior custo de capital ajudam a explicar porque o investimento continua a ser menor em muitos países africanos comparando com outras regiões do mundo, aponta-se no relatório, com o tema Dinâmicas de Desenvolvimento de África 2023 – Investir no desenvolvimento sustentável.

Este desviar do foco de investimento, apesar do forte crescimento económico de África, só superado pela região asiática em desenvolvimento, “é um paradoxo trágico, quando existem tantas oportunidades”, considera a organização.

Entre os “ativos únicos” do continente que considera dever atrair mais investimento sustentável, a OCDE destaca o setor da energia.

“África tem 60% dos melhores recursos solares do mundo, mas tem apenas 1% da capacidade instalada de geração solar”, exemplifica.

Outro dos grandes atrativos deveria ser o facto de o continente africano ter a população mais jovem do mundo, com uma idade média de 19 anos, com as projeções a indicarem que, até 2050, 25% da população mundial residirá em África.

Contudo, a mão-de-obra qualificada é escassa, assim como as infraestruturas de qualidade, fatores que “dificultam o investimento, nomeadamente em setores orientados para a tecnologia ou em que é necessário um grande investimento inicial”, segundo a análise da OCDE.

“O mundo tem de investir melhor na juventude africana para aproveitar plenamente as suas oportunidades significativas”, defende a organização no relatório, em que analisa o atual panorama do investimento em África, mas também recomenda ações prioritárias.

Em tempos incertos, alerta, os investidores estão mais atentos a riscos macroeconómicos e políticos, como a previsibilidade das políticas e a capacidade de regulamentação.

Nas prioridades destacadas no relatório surge, por isso, a necessidade de “alinhar as perceções de risco com as realidades”, porque muitos investidores “retêm decisões devido à recolha de informação insuficiente ou dispendiosa”.

“Os dados adequados à finalidade apoiarão decisões de investimento informadas, alinhando melhor as perceções dos riscos com as realidades”, sublinha.

Outra recomendação é a de “parcerias lideradas por africanos”, considerando que podem “otimizar os impactos do financiamento sustentável no desenvolvimento e catalisar melhor os investimentos”.

Para isso, é preciso o “aprofundamento e integração dos mercados de capitais nacionais, o desenvolvimento de títulos em moeda local e o fortalecimento do cumprimento das normas ambientais, sociais e de ‘governance’”.

Em terceiro lugar, a OCDE defende o aprofundar mais da integração africana, “nomeadamente através da implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) e o seu protocolo sobre investimento, harmonizar as políticas entre os países e facilitar o desenvolvimento das cadeias de valor”.

“Políticas de integração regional eficazes podem catalisar investimentos sustentáveis à escala”, sustenta a organização no seu relatório anual.
A Semana com Lusa

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