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Fogo: Cospe candidata-se a novo projecto para a ilha no quadro do financiamento da União Europeia 30 Agosto 2023

A organização não-governamental Italiana Cospe, que trabalha há mais de 20 anos na ilha do Fogo, candidatou-se ao financiamento da União Europeia para a implementação de um novo projecto na ilha.

Fogo: Cospe candidata-se a novo projecto para a ilha no quadro do financiamento da União Europeia

Na cerimónia do encerramento do projecto Terra de Valor, cofinanciado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) e Expertise France, implementado no Fogo e em Santa Cruz (Santiago), a representante da Cospe, Carla Cossu, disse que o encerramento do projecto não significa o encerramento das actividades desta ONG na ilha.

“Estamos na fase final de apresentação de um projecto à União Europeia e temos grande esperança que o projecto ligado ao turismo nas áreas protegidas venha a ser financiado e em breve podemos dar mais informações junto com a delegação da União Europeia que acredita na forte parceria que tem com Cabo Verde”, disse Carla Cossu, indicando que desde Janeiro que a sua ONG vem preparando esta proposta que, em caso de financiamento, será mais três anos de implementação.

Segundo a mesma, a Cospe quer continuar a trabalhar com os destinatários e valorizar ainda mais os produtos e permitir a inclusão, lembrando que esta organização vem trabalhando com a Cadeia Regional e que continuar com esta parceria para uma reinserção social “mais justa”.

Com relação ao encerramento do projecto Terra de Valor, implementado na ilha do Fogo e em Santa Cruz, ilha de Santiago, a representante da Cospe disse que o balanço dos três anos da sua execução é positivo, porque, explicou, o projecto pretendia intervir com jovens e mulheres.

“Com as mulheres foi melhor porque se calhar tinha alguma base e condições para poder trabalhar mais e trabalhamos muito no empoderamento das mulheres, sobretudo nas questões do próprio direito, e apoiar como pode conseguir autodeterminação até a nível económica para poder sair de situação que pode constrangia-las”, destacou Carla Cossu.

No que se refere às mulheres, salientou o trabalho realizado na questão das cooperativas, em que foram criadas algumas cooperativas das mulheres que trabalhavam em grupos informais e com a estruturação em cooperativas permitiu às mulheres perceberem as múltiplas vantagens de se juntar e de se estruturar.

Ainda na parte das cooperativas, o projecto Terra de Valor trabalhou com como cooperativa de produção de queijo de Cutelo Capado, a questão da produção do queijo e o melhoramento da cadeia de valor do leite, referiu Carla Cossu, apontando que foram criadas as cooperativas de mulheres de Campanas de Cima, Lomba, das mulheres viveiristas dos Mosteiros, além de trabalhar com a cooperativa de Cutelo Capado.

Acrescentou que a intenção é alargar ainda mais e se existem outras mulheres que não são formalizadas a ideia é poder ajudar a estruturar os grupos informais.

Quanto aos jovens, outro público-alvo do projecto, já o balanço “não é de todo positivo”, porque, segundo Carla Cossu, assistiu “perenemente a vontade de emigrar que não ajuda a fortalecer a resiliência juvenil”.

Sublinhou que os jovens sempre querem “ir embora sem ter um plano e sem fazer as contas do que vão encontrar e, muitas vezes, são obrigados a ter dois ou três trabalhos a enfrentar a saudade, o clima, a língua e a questão de viver quase em gueto por não se conseguir integrar”.

“Não tomamos isso como um fracasso, mas como um novo desafio e uma chamada de atenção de que ainda é necessário fazer mais para seguir os jovens e abrir um pouco os ouvidos para perceber quais são as necessidades dos jovens”, destacou Carla Cossu, lembrando que muitas vezes os jovens vão embora porque “não encontram uma saída aqui, não só económico, mas também o bem-estar psicológico”.

As actividades de encerramento do projecto iniciaram no Alto da Aguadinha com uma sessão de boas vindas e apresentação do itinerário e será concluída em Campanas de Cima com a realização de uma mesa de diálogo, a última, para recolha de contribuições, sugestões e críticas em relação ao projecto, seguido de degustação dos produtos típicos da ilha já que o objectivo é promover o turismo através da promoção dos produtos típicos da ilha.

Os participantes visitaram o circuito de captação de águas pluviais, os dois campos de produção de pastos e a implementação da escola de campo da localidade de Cutelo Capado, lembrando que a água é o principal meio através do qual as mudanças climáticas influenciam os ecossistemas e sustento e o bem-estar.

Por sua vez, o campo de experimentação, além de fornecer princípios ecológicos básicos para o estudo e gestão de ecossistema agrários, responde às necessidades de produção e de conservação de recursos naturais com estratégia de adaptação.

O encerramento do projecto constitui momento para compartilhar os desafios e ganhos do projecto na ilha do Fogo.

A segunda etapa do encerramento do projecto será em Santa Cruz, na ilha de Santiago, cujo objetivo é apresentar as medidas de melhoria da cadeia de valor e de adaptação às mudanças climáticas que o projecto tem estado a realizar durante a sua implementação.

O projecto, que apoia jovens e mulheres das ilhas do Fogo e de Santiago (Santa Cruz) através de fornecimento de conhecimentos e instrumentos para que se tornem donos e donas da própria vida e acreditem no próprio futuro, valorizando o grande património natural e cultural de Cabo Verde e recuperando a dignidade de trabalhar a terra, através de uma metodologia participativa e inclusiva, elencou um conjunto de acções para este mês de Agosto.

O projecto Terra de Valor é cofinanciado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) e pela Expertise France, e implementado através de parceria entre várias ONG e instituições como COSPE, Coopermondo, Citi-Habitat, Laço Branco, Comissões Regionais de Parceiros (CRP), INIDA, Ministério da Agricultura e Ambiente, câmaras municipais, cooperativas de produtos de agricultura e pecuária, federação dos agricultores e pecuários das bacias hidrográficas das Ribeiras de Santa Cruz e associações e cooperativas das duas ilhas.

A Semana com Inforpress

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