O titular da pasta da Educação, que representou o Governo na sessão comemorativa da elevação de São Filipe à categoria de cidade, ocorrido a 12 de Julho de 1922, lembrou que o Conselho Legislativo Colonial, apontou, na altura, um conjunto de razões para que a então Vila de São Filipe ascendesse à categoria de cidade, passando a ser a terceira da Província Ultramarina de Cabo Verde.
“Este reconhecimento administrativo reflectia, acima de tudo, a emergência, a afirmação e a indubitável importância de uma elite económica, política e intelectual, descendente dos grandes proprietários da ilha do Fogo, todavia educada no Seminário de São Nicolau, nos colégios de Lisboa e nas Universidades de Coimbra, Lisboa e, mesmo, Sorbonne”, referiu Amadeu Cruz.
Segundo o mesmo a maioria tinha uma visão republicana, capaz de intervir não só nos vários aspectos do quotidiano da sua ilha/cidade, mas de todo o arquipélago e, mesmo, nos corredores do poder de Lisboa, sublinhando que esta elite foi parte activa nas profundas convulsões que ditaram a queda da Monarquia e a implantação da República em Portugal em 1910.
“Foi esta elite, heterogénea quanto à formação e funções que fez nascer o que hoje é reconhecido como o núcleo histórico da cidade de São Filipe”, destacou o ministro da Educação na sua intervenção, enumerando uma serie de figuras proeminentes desde José Barbosa passando por Abílio Macedo, Pedro Monteiro Cardoso, até ao antigo Presidente da República, Pedro Pires.
Para o mesmo, todas estas personalidades, ao lado do povo anónimo e da “pujante e solidária diáspora” foguense, merecem entrada no panteão dos distintos e ilustres que marcaram o compasso e a passada da cidade e da ilha, destacando o espírito de ousadia e resiliência, característico do povo de São Filipe e do Fogo que se destaca no contexto nacional.
Na qualidade de ministro da Educação, Amadeu Cruz aproveitou para salientar a importância que a Educação e a formação do capital humano têm tido no percurso de São Filipe, tendo destacado o modo “iluminado” como os jovens e a população têm lidado com este factor e instrumento matricial e indispensável para o desenvolvimento de qualquer sociedade.
Em matéria de educação, Amadeu Cruz, no contexto de reconhecimento e de valorização do “brioso percurso” de São Filipe, referiu a três iniciativas que merecem referência, nomeadamente a construção e entrada em funcionamento da Casa Materna em 1965, a iniciativa de um grupo de funcionários públicos, de entre os quais professores, de fundar e fazer funcionar o curso oficializado do ciclo preparatório da Casa Materna, em 1970/71, e o processo de entrada em funcionamento do Curso Noturno do 3º ano do Curso Geral dos Liceus, iniciado em 1980 na Casa Materna.
Assim destacou a centralidade da “emblemática” Casa Materna que classificou de “verdadeira sede precursora da evolução e desenvolvimento do sistema educativo e do ensino em São Filipe” para acrescentar que por capricho do destino a mesma será sede lectiva do polo da Universidade de Cabo Verde.
Por outro lado, Amadeu Cruz sublinhou que o Governo, através do Ministério da Educação, tem estado a fomentar a articulação entre os vários intervenientes institucionais, tendo já mobilizado e colocado à disposição da Uni-CV recursos orçamentais e a realizar obras de adaptação e de reabilitação nas instalações físicas da Casa Materna e do edifício que acolhia os serviços da delegação do Ministério em São Filipe, com o objectivo de propiciar condições para o alargamento do ensino superior à ilha do Fogo.
Ainda durante a sua intervenção, o titular da pasta da Educação, passou em revista o empenho do Governo na construção e consolidação dos factores de resiliência e de sustentabilidade do processo de desenvolvimento integral do País, elencando as várias obras e intervenções em curso na ilha do Fogo.
Amadeu Cruz anotou as preocupações manifestadas quer pelo presidente da câmara como da assembleia municipais, assim como os sonhos que, no dizer do mesmo, são de todos os foguenses, prometendo levá-los aos seus companheiros de Governo.
Este lembrou que, para a ilha do Fogo, está orçamentado uma intervenção de 1,9 milhões de contos, para o período de 2022/26, para projectos diversos no âmbito do Plano Operacional do Turismo (POT), com financiamento do Fundo do Turismo e do Banco Mundial, estando desde já identificados projectos diversos para a ilha do Fogo.
Na parte final da sua intervenção reforçou o apelo à convergência de todos os sujeitos políticos, especialmente dos eleitos municipais, no sentido de potenciar os factores de desenvolvimento de São Filipe, colocando os interesses superiores do Município acima de outros, ainda que democraticamente legítimos.
A Semana com Inforpress