João Pires, um dos co-responsáveis pela organização da marcha pacífica, que partiu do largo de Cruz dos Passos, passando pela esquadra da Polícia Nacional, Escola Secundária Dr. Teixeira de Sousa, Alto São Pedro, rua do mercado e concentração junto à Delegação do Ministério, disse que o grupo ajudou na sensibilização dos professores para a participação na marcha.
Segundo o mesmo, mais de meia centena de professores participaram na manifestação pacífica, todos trajados com t-shirts pretos e com “um símbolo de uma mão a dizer basta”.
O motivo principal, continuou, é a revisão salarial, porque, explicitou, “há muito tempo que os professores têm um salário mísero e precário e que não satisfaz as necessidades e na maior das vezes sentem-se a necessidade, para além de dar aulas, a fazer outras coisas para sustentar até final do mês”, sublinhando que já é tempo de melhorar o salário dos professores.
Outras reivindicações são as pendências que “nunca saem do papel”, havendo professores com “20, 30 anos aguardando pela resolução”, sublinhando que os professores que participam na manifestação “não estão ligados a nenhum sindicato ou a partido político”.
João Pires explicou que o preto é “sinónimo de tristeza e luto” porque há muito tempo que professores estão sendo “maltratados” e “a mão representa um basta”, pois os professores exigem a resolução dos problemas agora.
Caetano Rodrigues, professor da escola secundária Dr. Teixeira de Sousa com 23 anos de carreira, estranhou o posicionamento do ministro da Educação ao afirmar que desconhece a razão da marcha, alguém que, segundo o mesmo, “deve estar sempre do lado dos professores”.
Caetano Rodrigues reconhece que foram resolvidas algumas pendências, mas que ainda persistem várias e que não se pode continuar com o argumento de que “encontramos pendências e vamos deixar pendências”, porque, sublinha, se assim for as pendências dos professores ficam externamente por resolver.
“Tenho 23 anos de carreira, iniciei numa letra e vou terminar na mesma letra porque estou a ver o fim no horizonte. Temos um professor com 30 anos que continua na mesma situação e ganha igual a um professor com 30 dias de serviço e isso não é justo”, defendeu Caetano Rodrigues, acrescentando que há professores com famílias constituídas noutras ilhas e que há dez anos estão a solicitar uma transferência e sem sucesso enquanto que outros professores chegaram e num período de seis/sete meses têm transferência o que não é justo.
Este professor mostrou-se satisfeito com o número de participantes e lembrou que na última manifestação participaram 14 professores e aquando da realização de uma greve, apenas seis professores da escola secundária Dr. Teixeira de Sousa participaram.
“Ter quatro vezes mais o número de participantes que a última manifestação é sinal de alguma mudança”, concretizou.
Porém, Caetano Rodrigues disse que é “triste ver colegas professores que hoje estão a ocupar cargos políticos ou de dirigentes a não assumirem como professores”, lembrando que a legislatura e o mandato um dia chegam ao fim e estes vão andar pelas ruas à procura dos seus direitos.
A Semana com Inforpress