Em conferência de imprensa, o presidente da Comissão Política Regional (CPR) do PAICV do Fogo, Luís Nunes, disse que “não é justo nem correcto” a utilização dos recursos do Fundo de Emergência para este fim e ainda, segundo o mesmo, está-se a tempo de corrigir a “injustiça”.
Este dirigente do principal partido da oposição apontou como exemplo a alocação de recursos para a estrada Campanas de Cima/Piorno que está em curso, assim como as obras de asfaltagem de algumas artérias da cidade de São Filipe, observando que o Fundo de Emergência é para casos especiais como intervenção nas estradas de Albarca, Nossa Senhora da Encarnação, acesso a Afonso Gil.
Luís Nunes lembrou que o seu partido, desde o início, se posicionou a favor da declaração do estado de calamidade para toda a ilha por forma a permitir aos municípios aceder aos recursos financeiros necessários para a reposição da normalidade provocadas pelas chuvas, mostrando, por isso, em parte, satisfeito com a declaração, discordando da forma como foi feita já que Mosteiros foi excluído o que “denota uma discriminação”.
Para a CPR do PAICV para São Filipe, além da maior fatia do valor anunciado ir para as obras nacionais do governo, a distribuição das verbas não corresponde às expectativas e nem às reais necessidades, lembrando que para repor a normalidade o município solicitou 105 mil contos e os valores anunciados são apenas 12 mil contos que são “manifestamente insuficientes” para reparação de todos os estragos municipais.
Por outro lado, defendeu que o montante disponibilizado face à dimensão dos estragos é “manifestamente irrisório” e quando comparado com o dos municípios de Santa Catarina e Brava e demonstra “uma atitude de descriminação e o viés partidário como critério máximo para alocação de recursos públicos”.
Para o PAICV a descriminação é visível quando para Brava que teve menos, que tem menos de metade da rede de estradas municipais e menos de um terço da população, recebeu quase o mesmo valor que São Filipe, sublinhando que Brava recebeu 75% do valor solicitado enquanto que São Filipe apenas 33% do total e Mosteiros completamente ignorado.
Relativamente a exclusão dos Mosteiros, Luís Nunes lembrou que os estragos na estrada de Fajã de Água, na ilha Brava, são anteriores às chuvas, e por esta razão a estrada de Sumbango devia ter o mesmo tratamento, sublinhando que o critério para disponibilizar Brava e Santa Catarina do Fogo, que são da mesma cor político-partidária que o Governo é uma forma “manhosa e sorrateira” de ajudar os autarcas que estão em desespero face à avaliação negativa por parte dos seus munícipes.
Relativamente às verbas alocadas para as obras do Governo em curso no município de São Filipe bem como para a drenagem de águas pluviais no troço de Santa Filomena e na a praça “Pedro Cardoso, a CPR do PAICV considera-as insuficientes para um trabalho preventivo e de fundo, mas apenas curativo, correndo o risco de se repetir a situação ou provocar danos maiores na praça e alameda de Cruz de Passos e nas habitações a jusante da estrada.
A CPR do PAICV apelou ao bom senso do Governo e da gestão do Fundo Nacional de Emergência para disponibilizarem mais meios e recursos para São Filipe e incluir Mosteiros na declaração do estado de calamidade, pedindo, assim, o mesmo tratamento dado à Brava e a Santa Catarina do Fogo.
Perante a limitação dos recursos municipais, à insuficiente verba colocada ao dispor dos municípios de São Filipe e Mosteiros pelo Governo e face aos danos causados e a necessidade urgente de intervenções para acudir famílias e reposição da normalidade, a CPR apelou, igualmente, a ajuda dos organismos internacionais com representação no país para ajudar na resolução dos problemas mais prementes.
Neste sentido, Luís Nunes avançou que o relatório contendo o volume de estragos e os valores para repor a normalidade serão encaminhados brevemente aos organismos internacionais a solicitar apoios necessários.
A Semana com Inforpress