Putin é só "radicalmente racional", respondeu assim Hollande à pergunta que sobretudo desde o 22 pulula na webesfera: "Putin é louco?". O podcast da entrevista ao antecessor de Macron na chefia do Estado francês (2012-17) pode ser visto também no You Tube.
"Ele é uma pessoa radicalmente racional, ou uma pessoa racionalmente radical, como preferirem", afirmou Hollande ao canal Politico. Predecessor de Macron no Eliseu, Hollande foi um dos rostos das negociações quadrangulares França-Alemanha-Rússia Ucrânia, conhecidas por Formato da Normandia (iniciadas em 6.6.2014 nessa região francesa e que tiveram mais edições até fevereiro de 2022).
O objetivo da reunião quadrangular Hollande-Merkel-Poroshenko-Putin, que era resolver a guerra no Donbass e a anexação da Crimeia por parte da Rússia, ficou frustrado. O conflito acabou por não se resolver e oito anos mais tarde iniciou-se a guerra em todo o território ucraniano.
Quase um ano depois da "surpreeendente invasão russa à Ucrânia, François Hollande acredita que Vladimir Putin pode expandir a guerra, mas sempre tendo em conta a força do Ocidente: "Ele tem o seu próprio raciocínio e, dentro da sua estrutura, está pronto para usar a força. Ele é capaz de entender a dinâmica [de poder] que temos contra ele".
À espera que o o Ocidente se canse
Dentro desse raciocínio, prossegue Hollande, o presidente russo vai procurar "consolidar os ganhos para estabilizar o conflito, esperando que a opinião pública se farte e que os europeus receiem uma escalada". Isso poderá forçar as negociações.
Segundo Hollande, a estratégia definida por Putin é: apostar no desgaste do apoio que o Ocidente está a dar à Ucrânia, partindo daí para negociar um fim de conflito que será favorável à Rússia.
Mediadores Turquia, China
François Hollande destaca que já não são a França e a Alemanha a mediar as relações mas possivelmente países como a Turquia, a China, o que "não é seguro para ninguém".
Fontes: L’Express/acima referidas... Fotos: Em Moscovo, Hollande encontra-se no aeroporto com Putin.