“Não estava à espera que o País fosse tão desenvolvido a nível de infra-estruturas desportivas. Para ser sincero são infelizes os muitos comentários nas redes sociais e que tenho ouvido”, disse Rui Costa que tem visitado alguns recintos desportivos e campos de futebol nesta sua estada em Cabo Verde.
Rui Costa, que na ultima temporada sagrou-se campeão do Isthmian League North, competição regional das equipas de Londres (Inglaterra), sob o comando da equipa sub-23 de Brentwood Tow, refere ainda que muitas equipas de futebol na África e Europa ainda treinam em campo pelados.
Para o jovem treinador as infra-estruturas são aceitáveis para o nível de futebol cabo-verdiano, que segundo ele, conta com jovens jogadores de muita qualidade técnica, “fora do normal”, ressalvando, contudo que têm muito a melhorar a nível táctico.
“Neste particular estamos muito atrasados, por isso, às vezes, pelo que notei nos jogos que assisti, há muito contacto físico. Dizemos que o futebol africano é contacto físico, mas é mentira. Há contacto físico porque as equipas estão desorganizadas tacticamente”, explicou Rui Costa, acrescentando que o contacto acontece porque as distâncias tácticas não estão certas.
Para o entrevistado da Inforpress, a base para debelar esse facto passa por formar mais treinadores e monitores de futebol no País.
“Se forem formados mais treinadores é claro que tudo vai melhorar, mas para isso é preciso criar uma estrutura para esse efeito”, apontou Rui Costa, avançando que dos jogos que acompanhou chamou-lhe a atenção os jovens Marcinho e Dedé, das equipas sub-19 de Tira Chapéu e São Filipe, respectivamente, durante as meias-finais da Liga Stopira.
“Dois jovens com um enorme talento. Acredito que têm grande potenciais e que podem jogar na Europa sem dúvida nenhuma, em academias profissionais”, assegurou.
Rui Costa prometeu, por outro lado, fazer uma visita mais “formal” a Cabo Verde, não obstante admitir ser muito difícil devido ao ritmo das competições na Inglaterra e avançou que na próxima época vai trabalhar com um clube da quinta divisão.
Numa anterior entrevista à Inforpress, revelara o sonho de um dia treinar a selecção de Cabo Verde e voltou a manifestar esse desejo.
“Como já referi anteriormente, quero acrescentar mais ao futebol cabo-verdiano, se a porta se abrir sou o primeiro a entrar, acredito que poderá acontecer mais cedo ou mais tarde. Se precisarem de mim virei com todo e orgulho”, perspectivou.
Concluindo, deixou uma mensagem de perseverança e persistência aos jovens futebolistas cabo-verdianos.
“Aos jovens que continuem a lutar, a trabalhar e que não se esqueçam de fazer o dobro daqueles que já estão na Europa porque lá já tem muito talento. Para conseguirmos tirar lugar a esses jogadores temos que trabalhar o dobro ou três vezes mais”, concluiu.
Sempre ligado às suas raízes, Rui Costa é um seguidor do futebol Cabo Verde e estudioso das habilidades e características dos jogadores cabo-verdianos.
A história deste luso-cabo-verdiano é de perseverança e aventura, cresceu na Austrália, até aos seis anos, jogou no Azinhaga das Paivas e Monte Caparica, em Portugal, e com 18 anos foi jogar no Castelar Celtic, na Irlanda.
Depois de um regresso relâmpago a Portugal, voltou a sair para a Inglaterra, onde jogou em clubes de menor dimensão, acabando por voltar de novo à Austrália, para representar o Melbourne Kinghts, onde fez 24 partidas e marcou três golos.
A carreira como futebolista terminou muito cedo e, com 30 anos, treinou o Woodford Town FC, tendo ainda passagens por Emn FC (sub-16), Dagenham United (sub-21), Redbridge FC e a equipa feminina de sub-17, do West Ham, da Inglaterra.
A Semana com Inforpress