Ao anunciar o veredicto do "crime público", o juiz Michalis Papathanasiou declarou que a ré faltou à verdade e tentou enganar o tribunal "com depoimentos evasivos e à medida do efeito que ela pretendia".
O muito mediático caso de alegada violação em grupo, em que a cidadã britânica de 19 anos acusou doze rapazes israelitas, com idades entre quinze e vinte anos, de a terem atacado na madrugada de 17 de julho, começou a sofrer uma reviravolta logo na semana seguinte quando ela admitiu ter consentido numa relação com um dos rapazes, na estância turística de Ayia Napa, frequentada por milhões de britânicos.
Detida a 28 de julho, a adolescente ficou a aguardar julgamento por "fabricação de acusação". Nesse mesmo dia, ao fim de onze dias presos, todos os rapazes foram libertados.
Apesar de alguns dos rapazes terem cometido o crime de fotografar e filmar sem autorização da adolescente a relação que ela manteve com um deles, o tribunal entendeu não os incriminar.
O que escreveu a imprensa israelita sobre o caso
No domingo, 21 de julho, um editorial no Haaretz do jornalista Gideon Levy descrevia aquilo que considera uma atitude reprovável das autoridades do Estado de Israel: a pedido das famílias dos suspeitos interferiram no caso.
O multipremiado Levy optou por escrever uma sátira, no Haaretz, a que deu o título: “Os nossos bravos entraram em ação na calada da noite”.
“As nossas tropas entraram em ação ainda não era madrugada. Eram doze, cada um deles o sal da terra, o que vem da área de Haifa, de Jerusalém capital eterna e da capital do racismo, Afula”.
O jornalista destaca pois, expressivamente, que o país sob Netanyahu, está a cometer dois erros: um crime de delito comum passou a ser tratado como uma questão de Estado e a defesa ter como argumento de peso o facto de que os rapazes estavam num "retiro preparatório à sua entrada no serviço militar".
Nas entrelinhas, segundo o articulista, fica a questão da violação sexual-arma de guerra, como os noticiários têm mostrado nos cenários das guerras atuais.
Fontes: Associated Press/Referidas. Relacionado: Chipre: Detida inglesa que acusou 12 israelitas de violação, 30.jul.019; ‘Gang rape’ por 12 rapazes israelitas a uma inglesa em resort no Chipre..., 23.jul.019; Chipre: Crimes contra estrangeiras continuam mesmo após ministro da Justiça demitir-se "envergonhado com as atitudes da sociedade que nos desonram a todos, 18.jul.019. Fotos (Cyprus Time): Os suspeitos são encaminhados para o centro de detenção, em 18 de julho. Cinco meses depois são ilibados de toda a culpa enquanto a queixosa tornada ré é acusada do "crime público" de falsidade..