Conforme realçou, os últimos dias têm sido ricos em anúncios principalmente para o sector dos transportes com vários interlocutores a entrarem em ação e que a cereja em cima do bolo, para ser servida à concessionária, é o anúncio do aumento das tarifas das deslocações entre as ilhas.
Para Rui Semedo, este aumento deixa no ar a pergunta: onde param os cerca de 600 mil contos anuais da indeminização compensatória para manter o preço dos bilhetes comportáveis para os bolsos dos cabo-verdianos?
“Em nome da transparência, o senhor Primeiro-ministro deveria responder para todos os cabo-verdianos onde foram parar os 600 mil contos do Orçamento Retificativo de 2020? O que fez com os recursos do Fundo Soberano destinado à aquisição do avião? Onde estão os quase 48 mil contos da venda do Dornier? O que está a fazer com os 132 mil contos que está no OE para a compra do avião? E os outros recursos orçamentados? Tendo sido todo esse dinheiro autorizado para comprar avião, porquê que quer obrigar a ASA a fazer um empréstimo de mais de 12 milhões de dólares para comprar avião?”, questionou.
Salientou que, em relação aos transportes marítimos todos assistimos as tormentas e o desespero dos passageiros, em todas as ilhas, provocados pela desorganização, falta de barcos, imprevisibilidade e pela situação de caos generalizado no sector.
O líder do maior partido da oposição acrescentou que houve, claramente, um incumprimento grave dos termos da concessão, a começar pela não aquisição dos cinco barcos novos, mas também pela não regularidade nas ligações entre as ilhas.
Segundo acrescentou, como estamos em Cabo Verde e “temos o Governo que temos, ninguém é responsável, aliás o Senhor Vice-Primeiro-ministro já nos adiantou que a culpa não é nem do Governo e nem da concessionária, mas sim da falta de financiamento”.
“Mas reparem no absurdo desta situação. No início era a capacidade de financiamento o fator diferenciador que deixava e colocava de fora os armadores nacionais e, por ironia do destino, são esses armadores nacionais, ou as suas embarcações, que suportaram e suportam as ligações até hoje. Agora é esta preciosidade da declaração do Vice-Primeiro-Ministro: Ninguém tem culpa e a culpa é da falta de financiamento e, se calhar, vamos responsabilizar quem não empresta dinheiro à concessionária”, frisou.
Rui Semedo afirmou que a mesma coisa estará a passar com a VINCI, que não cumpre os termos do contrato da concessão e também não é responsabilizada porque a culpa é da falta de financiamento, com certeza.
“A pergunta que fica é onde está o relatório de avaliação da concessão e onde pára a comissão de acompanhamento da mesma? Porquê que insistimos em transmitir esta imagem de incapacidade e de irresponsabilidade? O Primeiro-Ministro anunciou também a compra de quatro barcos, mas como? Por quem? Será que agora é o Governo a comprar? Essa responsabilidade da compra não era da concessionária? Onde, em que loja vamos encontrar quatro barcos novos feitos à medida das necessidades e das condições dos nossos mares? Quem estará a assessorar o Governo neste negócio e com que interesse?”, voltou a questionar.
Para o PAICV, é chegada a hora de se tratar desta questão com mais transparência, com mais responsabilidade e com mais seriedade.
“Temos que respeitar os recursos de todos os cabo-verdianos e colocar os interesses públicos acima de todos os interesses particulares e de grupos”, defendeu o líder do maior partido da oposição em Cabo Verde.