“Pela primeira vez em Cabo Verde, estamos prestes a eliminar todas as pendências em relação à classe docente, que fizemos também em relação a todos funcionários públicos”, afirmou, segundo a Lusa, o também ministro das Finanças, em declarações aos jornalistas, na cidade da Praia, após ser ouvido por uma comissão parlamentar.
Olavo Correia falava um dia após professores cabo-verdianos terem manifestado nas ruas do país, numa convocação de dois sindicatos, que apresentaram um caderno reivindicativo de dez pontos, que inclui atualizações salariais e progressões na carreira.
Conforme a mesma fonte, o ministro das Finanças revelou que nos últimos sete anos o Governo investiu mais de 600 milhões de escudos (mais de 5,4 milhões de euros) para resolver pendências dos professores e que no Orçamento de Estado para 2024 foram reservados mais de 100 milhões de escudos (906 mil euros) para regularizar as carreiras.
Sem apontar uma data concreta, Olavo Correia disse ainda que o Governo cabo-verdiano vai alterar o estatuto dos professores, que também vai implicar o aumento de salário.
“Nós vamos trabalhar o estatuto da classe docente (…) e as alterações sempre comportam um aumento do salário”, afirmou.
Abertura a diálogo mas sem aumento salarial agora
Com a “movimentação” para redução das pendências, a regularização de outras anormalidades e a abertura para rever os estatutos, o vice-primeiro-ministro disse que “não faz sentido” aumentos salariais agora.
Entretanto, o número dois do Governo mostrando-se aberto para, no debate do Orçamento de Estado, analisar as propostas de sindicatos, trabalhadores e partidos da oposição.
Quanto à manifestação, que juntou milhares de professores em várias ilhas, e contou com o apoio de muitos alunos, o vice-primeiro-ministro disse que é normal e que não se deve ser dramatizada.
“Não dramatizar não significa não ouvir, não escutar ou não levar em conta aquilo que as pessoas dizem”, salientou, segundo ainda a Lusa, Correia, insistindo que as medidas dirigidas à classe docente no OE são “muito fortes”, quer do ponto de vista financeiro, quer do compromisso do executivo para uma educação de qualidade.
Na quarta-feira, numa nota publicada nas páginas oficiais, o Governo avançou que, no âmbito do Orçamento de Estado 2024, vai alocar recursos para “corrigir desigualdades e disfunções nas carreiras dos professores, além de revisar os estatutos que regem seu trabalho", acrescenta a fonte deste jornal.
“O Governo também está comprometido em resolver as pendências que herdou das administrações anteriores, totalizando mais de 4 milhões de contos” (mais de 36 milhões de euros), prometeu o executivo.
Conforme lembra a Lusa, os sindicatos avisaram que se as reivindicações não forem atendidas, os professores vão partir por outras formas de luta, como greve ou congelamento de notas.