“Surpresa, sim. Ontem falei com ele ao telefone e reafirmei aquilo que tem sido uma apreciação muito positiva nas nossas relações de excelência, de parceria entre Cabo Verde e Portugal”, referiu à Lusa, na Praia, à entrada para um debate parlamentar.
Ulisses Correia e Silva disse que António Costa “teve um papel importante nos últimos anos, enquanto primeiro-ministro, na elevação desse nível de parceria” entre os dois países.
O chefe de Governo cabo-verdiano elege como “ponto alto” desses entendimentos, o acordo de conversão da dívida bilateral de Cabo Verde a Portugal em financiamento climático e ambiental, um acordo “que tem tido um impacto muito grande a nível Internacional como um bom exemplo”.
“São aspetos a capitalizar a favor das nossas relações e particularmente do empenho muito pessoal de António Costa”, acrescentou.
O primeiro-ministro de Cabo Verde descartou ainda qualquer receio sobre um eventual impacto da crise política na cooperação bilateral. “Não, não, nós temos relações muito resilientes”, respondeu.
As relações “são independentes de ciclos políticos”, acrescentou o chefe do Governo.
“Outros ciclos da governação temos tido, ao longo dos anos”, mas existe “uma forte parceria com Portugal e vai continuar”, concluiu.
Na terça-feira, o primeiro-ministro português pediu a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que o chefe do Governo é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre os projetos de lítio e hidrogénio.
Marcelo Rebelo de Sousa convocou para hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
A Semana com Lusa