“Falei com o comando da PNTL [Polícia Nacional de Timor-Leste] e não haverá qualquer bloqueio nas estradas durante o dia de amanhã. Agentes estarão no terreno em caso de haver algum problema, mas não haverá qualquer impedimento de circulação. Penso que houve algum mal-entendido, disse à Lusa o vice-ministro do Interior, António Armindo.
Armindo clarificou assim informações anunciadas pela própria PNTL na terça-feira de que haveria proibição de circulação nas estradas nacionais devido ao eclipse, tendo hoje o Governo confirmado que não deu quaisquer instruções nesse sentido.
Fidelis Magalhães, ministro na Presidência do Conselho de Ministros, disse à Lusa que não houve qualquer decisão do executivo sobre esta matéria, explicando que não há qualquer estado de emergência ou de calamidade que justifique restrições como estas.
“O Governo não tomou nenhuma decisão sobre esta matéria”, vincou.
José Ramos-Horta, Presidente da República, confirmou igualmente não ter dado instruções sobre a matéria, recomendando apenas que, devido à falta de informação sobre o fenómeno, em vários pontos do país seria recomendado, na altura do eclipse total, que ocorre cerca das 13:00 (05:00 em Lisboa), haver menos circulação.
“As pessoas não têm informação sobre isto. E faria sentido ter algumas recomendações para evitarem circular durante o eclipse, porque as pessoas podem não perceber o que se passa”, afirmou.
“Mas limitar circulação a partir das 10:00 [02:00 em Lisboa] parece-me muito cedo”, considerou.
A PNTL fez circular um folheto informativo em que diz à população para se manter calma “em casa”, vincando que agentes vão estar nas estradas a limitar o movimento de transportes.
Chega mesmo, nesse folheto, a fazer recomendações a “operadores aéreos e navios para terem em conta as vidas humanas dos passageiros durante o eclipse”.
“A partir das 10:00 em diante durante o eclipse, a polícia vai parar viagens nas estradas para evitar acidentes de trânsito”, refere o folheto.
Henrique da Costa, comandante nacional da PNTL disse à Lusa que era uma “medida de segurança e prevenção para a população”, e que a decisão foi tomada depois de reuniões sobre os riscos com o Ministério da Saúde.
“Foi tomada a decisão por segurança e prevenção para a população. O nosso comando operacional esteve reunido com o Ministério da Saúde para falarmos sobre os riscos. É para a prevenção por isso anunciámos antecipadamente”, disse.
Questionado sobre a base legal para a decisão, tendo em conta que não houve qualquer deliberação do Governo, o comandante da PNTL disse que serão feitos ajustes.
“Anunciámos, mas nas operações no terreno ajustaremos as coisas dependendo da situação, porque ainda não começámos a implementar. A implementação será amanhã e ajustaremos de acordo com a situação”, disse ainda.
O processo do eclipse ocorre sensivelmente entre as 11:40 e as 14:50 (03:40 e 06:50 em Lisboa), com o ponto máximo, de totalidade, a ocorrer cerca das 13:15 (05:15), horas locais.
O eclipse está a causar bastante interesse nacional e internacionalmente, com dezenas de visitantes de todo o mundo, incluindo astrónomos que se deslocaram propositadamente a Timor-Leste para acompanhar o fenómeno raro.
As zonas da ponta leste e da costa sul do país são as que suscitam mais interesse por serem as de melhor visibilidade da totalidade.
A Semana com Lusa