“Ao longo do tempo temos conseguido afinar de certa forma e acelerar o processo de transferência desta verba. Quisemos fazer na primeira semana útil de janeiro um pouco para dar o alento aos grupos para terem liquidez financeira para começarem a fazer o trabalho”, afirmou hoje, no Mindelo, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, na assinatura do protocolo de parceria entre aquele ministério e a Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de São Vicente (LIGOC-SV).
Depois da paragem forçada pela pandemia de covid-19, em 2021 e 2022, a “fasquia” para o Carnaval aumenta e de acordo com o ministro a população espera por uma festa “extraordinária”. O apoio financeiro do Estado é para os grupos oficiais do Mindelo foi de cinco milhões de escudos (45.200 euros), com Abraão Vicente a exortar as empresas que lucram com o evento a apoiarem os grupos.
“O lado negativo é que o Governo não conseguiu aumentar esta verba desde 2017, mas o lado positivo é que nos sentimos legitimados, de certa forma, a fazer um pedido público a todos os ’players’ do Carnaval do Mindelo para contribuírem mais. O Carnaval do Mindelo não é uma responsabilidade do Governo, da LIGOC-SV e da Câmara Municipal. É dos principais beneficiários económicos deste evento, que são os ’players’ do setor”, sublinhou, pedindo o apoio da hotelaria, restauração, companhias aéreas e marítimas bem como de todas as empresas e marcas que beneficiam com o movimento proporcionado pelo evento na ilha de São Vicente.
O ministro defendeu mesmo que é altura de o setor privado cofinanciar o Carnaval para legitimar a dinâmica económica esperada para o mês de fevereiro na ilha de São Vicente.
A LIGOC-SV encara com satisfação o apoio que o Governo atribui aos grupos de São Vicente, que todos os anos recebem a maior quantia do país, apesar dos orçamentos de cada um ultrapassar os seis milhões de escudos anuais (54.200 euros).
“Este protocolo para a LIGOC-SV representa mais uma etapa da consolidação da parceria que temos com o Ministério da Cultura e Indústrias Criativas que nos tem brindado nos últimos anos com um valor muito substancial que nos ajuda realmente a atingir os nossos objetivos”, disse o presidente da liga, Marco Bento.
“Temos falado ultimamente e nos últimos anos, depois da criação da LIGOC-SV, tem sido muito difícil realizar o Carnaval quando há somente dois ’players’ que nos ajudam e disponibilizam verbas. A Câmara Municipal e o Ministério da Cultura”, lamentou.
Neste evento, cujos orçamentos dos grupos aumentam a cada ano dada a fasquia que se coloca sobre o Carnaval do Mindelo, Marco Bento encara o apoio de cinco milhões de escudos do Estado como de grande importância, mas reconheceu a necessidade de procurar novas parcerias.
“Iremos tentar ainda conseguir algum fundo e o ministro [da Cultura] mesmo pode nos ajudar a conseguir isso, através de instituições que estão cá, que participam no Carnaval, porque temos uma variedade de instituições que estão envolvidas no Carnaval, desde a hotelaria, restauração e empresas, mas às vezes a LIGOC sozinha não consegue chegar a estes ’players’”, frisou.
Este é considerado um momento de aprimorar e os grupos de Carnaval do Mindelo conseguiram este ano apoios para a compra de materiais no Brasil, relatando problemas no mercado nacional.
“Conseguimos ir ao Brasil, que era muito importante este ano fazer compras relacionadas com o Carnaval, já que estávamos a ver que não iria ser possível ter matéria-prima. Agora estamos no processo de trazer toda este material até São Vicente, porque os grupos já estão nos estaleiros a trabalhar”, afirmou.
A manifestação do carnaval do Mindelo irá ter inicio a partir do próximo fim de semana, com a saída dos grupos de mandingas, que todos os anos antecipam o início da festa com desfiles pelas ruas da segunda maior cidade cabo-verdiana.
A Semana com Lusa