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Guiné-Bissau/Eleições: Primeira semana de campanha razoável, com ostentação de meios de alguns partidos – analistas 20 Maio 2023

Analistas guineenses consideram que primeira semana de campanha eleitoral no país foi dominada pela ausência de propostas concretas, de estagnação política, mas com uma visível ostentação de meios de alguns partidos políticos.

Guiné-Bissau/Eleições: Primeira semana de campanha razoável, com ostentação de meios de alguns partidos – analistas

O analista político Rui Jorge Semedo fez, em declarações à Lusa, uma “avaliação razoável” da primeira semana, considerando que os partidos estão a fazer um esforço para “falar dos programas”, mas sem propostas concretas.

“Eu acho que a maior preocupação nesta fase inicial da campanha tem sido a capacidade em termos de mobilização de recursos”, disse o mestre em Ciência Política e investigador associado no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP).

Rui Jorge Semedo considerou como “espantoso”, os recursos que estão a ser vistos, principalmente de viaturas de alta cilindrada e motorizadas.

“Isto levando em consideração que todos os partidos, independentemente da sua dimensão no contexto nacional, não têm fundos próprios em termos daquilo que nós podemos considerar como o rendimento próprio ou em termos de pagamento de quota por parte dos seus militantes”, afirmou.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo e em 2020 a taxa de pobreza atingia 66,6% dos cerca de dois milhões de habitantes do país.

Para o analista, aquela mobilização de fundos “mostra a fragilidade” da democracia em termos de controlo do financiamento dos partidos políticos.

“A Guiné-Bissau, como nós sabemos, tem tido algumas dificuldades em termos de políticas de controlo de branqueamento de capital, em relação a algumas personalidades com redes de crimes organizadas transnacionais, então tudo isso deve preocupar os eleitores guineenses”, afirmou Rui Jorge Semedo.

“Porque estão a assumir compromissos que ninguém sabe, financiamentos que vêm de onde, não sabemos. Certamente as pessoas vão pagar isso e pagam isso chegando à governação”, salientou, alertando que isso após as eleições pode provocar instabilidade.

Para Rui Jorge Semedo, ficou também evidente que na primeira semana da campanha eleitoral o “maior interessado” nas legislativas de 04 de junho “não são os partidos, mas o senhor Presidente da República”, referindo-se a várias intervenções feitas pelo chefe Estado, Umaro Sissoco Embaló, no âmbito da campanha eleitoral, iniciada a 13 de maio.

Para o sociólogo Diamantino Domingos Lopes, a primeira semana ficou marcada pela “estagnação política”, com “ausência de propostas concretas para os problemas da sociedade”, mas “com demonstrações de força”.

“Não só em termos de recursos materiais, financeiros, mas pela palavra de ordem. Então é tudo o que a sociedade não precisa neste preciso momento. Neste momento a sociedade, quer partidos que vão apresentar propostas ou soluções”, salientou.

“E isso ainda não apareceu”, acrescentou.

Duas coligações e 20 partidos políticos iniciaram a 13 de maio a campanha eleitoral para as sétimas eleições legislativas de 04 de junho da Guiné-Bissau, depois de o parlamento guineense ter sido dissolvido a 18 de maio de 2022.

A campanha eleitoral na Guiné-Bissau vai decorrer até 02 de junho. A Semana com Lusa

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