Démis Almeida fez esta denúncia durante uma conferência de imprensa convocada, na sequência da decisão do Governo de elevar a Cadeia Regional do Sal à categoria de Cadeia Central.
Segundo Démis Almeida, esta medida, tomada por decreto, a não ser “travada”, poderá conduzir a “graves consequências” para a estabilidade prisional no seio da Cadeia do Sal.
“E, pior, para a segurança pública, e a paz social na ilha. A lei é clara quando prevê que uma cadeia regional só pode ser elevada à categoria de Cadeia Central se – e só se -, estiverem reunidas as condições legais para o efeito, e garantidas as condições de estrutura, organização, e de funcionamento”, apontou.
Requisitos que, no seu entendimento, não estão “manifestamente verificados”, com uma lotação neste momento, “praticamente esgotada”, próxima dos 250 reclusos.
Prossegue, aludindo ainda, que a Cadeia do Sal só conta com 24 agentes prisionais e um subchefe, sendo que para o seu funcionamento “pleno e normal”, enquanto Cadeia Regional, o estabelecimento deveria ter, pelo menos, mais 25 agentes.
“No entanto, no âmbito da medida de elevação da Cadeia do Sal de regional a Central não foi destacado um único agente a mais para esta cadeia”, comentou Démis Almeida, relatando ao mesmo tempo que as quatro torres de vigia da cadeia não contam com a presença de “qualquer agente prisional”.
“O que significa que dentro da cadeia não se vê absolutamente nada do que se passa fora do seu muro de protecção. A situação é tão séria que há pessoal administrativo acumulando as funções de agente prisional, e à noite toda a grande estrutura é guardada apenas por quatro agentes”, denunciou em tom de preocupação.
Perante o cenário, Démis Almeida concluiu dizendo que a medida de elevar a Cadeia Regional do Sal à categoria de Cadeia Central sem que a mesma reúna as condições exigidas por lei para tal, visa tão-somente reduzir a “excessiva” população prisional das cadeias centrais da Praia e de São Vicente.
“Isto quando se sabe que a cadeia do Sal não conta com uma ala de segurança destinada aos reclusos em conflito com outros reclusos ou com o pessoal prisional. As condições de segurança na cadeia, neste momento, são altamente precárias”, examinou, ponderando que a ministra da Justiça “jamais” poderia tomar esta medida, sem antes terem sido adoptadas medidas necessárias para criação das condições para o efeito. A Semana com Inforpress