“A Indonésia está pronta a apoiar Timor-Leste e, nesse sentido, vamos convidar 30 dos seus funcionários públicos para participar em encontros em vários ministérios indonésios que decorrem sob a presidência" rotativa indonésia da ASEAN, disse Sidharto Suryodipuro, diretor para a Cooperação com a ASEAN do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Suryodipuro falava aos jornalistas em Labuan Bajo, na província indonésia de Nusa Tenggara Oriental, onde decorre na quarta-feira a 42ª cimeira da ASEAN, marcada entre outros assuntos pela aprovação do roteiro para a adesão de Timor-Leste, atualmente com estatuto de observador.
O responsável indonésio recordou que Timor-Leste ainda tem de cumprir várias etapas para obter a adesão plena, incluindo acordos ou tratados nos pilares sociocultural, de segurança, política e economia.
Aspetos nos quais, referiu, Jacarta está disponível para apoiar Timor-Leste, em particular na formação de recursos humanos necessários para essas áreas.
Suryodipuro explicou que vários funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste terão acesso a estágios no Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésio, bem como funcionários de outros ministérios em Timor-Leste que seriam colocados nas congéneres em Jacarta.
“A nossa esperança é que isso ajude os seus esforços e abranja as várias obrigações contidas no acordo [da ASEAN]”, afirmou.
Na segunda-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros timorense, Adaljiza Magno, disse que Timor-Leste ainda não sabe a data da sua adesão plena à ASEAN, notando que o país ficará a conhecer depois desta cimeira o roteiro do processo, que vai exigir ao país amplos preparativos.
“Em princípio, Timor-Leste já foi admitido como novo membro da ASEAN, já participámos em todas as reuniões, a todos os níveis, incluindo encontros e retiros exclusivos de membros do Governo. Temos direitos de falar e contribuir. Só não temos o direito de veto, essa adesão plena”, disse Adaljiza Magno, em declarações à Lusa a partir da Indonésia.
“A decisão final depende da ASEAN, mas na quarta-feira teremos a adoção do roteiro e isso é um passo significativo. Saberemos o que temos de fazer para preparar a adesão de pleno direito”, explicou.
Magno notou que um dos pontos altos da reunião é a aprovação do roteiro que vai definir os passos que Timor-Leste tem que dar, e que abrangem questões como preparação de recursos humanos, construção de infraestruturas e adoção de acordos da organização.
“Timor-Leste contribuiu para a preparação deste roteiro. O rascunho final vai ser aprovado [hoje] e depois será aprovado na cimeira de chefes de Estado e de Governo”, referiu.
“Quando isso ocorrer, o nosso Governo pode formalizar o nosso próprio plano de implementação que, na minha opinião, tem que incluir os planos de desenvolvimento do país, as prioridades a curto, médio e longo prazo”, vincou.
Timor-Leste será representado na cimeira pelo chefe do Governo, Taur Matan Ruak, que parte hoje para Labuan Bajo, onde será o primeiro líder timorense a participar numa cimeira da ASEAN.
Questionado pela Lusa, o seu gabinete informou que Taur Matan Ruak não fará qualquer declaração aos jornalistas antes de partir de Díli.
Em comunicado, o executivo refere que “Timor-Leste foi oficialmente convidado pela Presidência da ASEAN, que neste momento cabe à Indonésia, para, pela primeira vez, participar oficialmente numa cimeira da ASEAN, na qualidade de 11.º país-membro (mas ainda com estatuto de observador), após ter sido admitido por unanimidade pelos 10 países-membros, no mês de novembro de 2022, na 41.ª cimeira que decorreu em Phnom Penh”, no Camboja.
Durante a cimeira, Taur Matan Ruak “vai ter oportunidade de realizar encontros bilaterais com os chefes de Estado e de Governo dos países-membros da ASEAN, para procurar aprofundar as relações e cooperação, tanto de natureza bilateral como multilateral, no âmbito da ASEAN”.
A Semana com Lusa