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Indústria migra para interior chinês apesar de esforços ocidentais para reduzir risco 26 Outubro 2023

– As indústrias de baixo valor agregado estão a deixar as províncias costeiras da China, onde os custos dispararam, para se instalarem no interior chinês, segundo a consultora PwC, frustrando os objetivos do Ocidente de reduzir dependências.

Indústria migra para interior chinês apesar de esforços ocidentais para reduzir risco

“O investimento estrangeiro na China está a passar por um período de reformulação estratégica”, observou Gabriel Wong, chefe para a China na Divisão de Finanças Corporativas da PwC, uma das maiores empresas de auditoria e consultadoria do mundo.

“Os números nas regiões costeiras sugerem estagnação ou até queda [do investimento], mas se olharmos para o centro e oeste da China, observamos um aumento”, disse.

Ele referiu também a crescente importância das prósperas cidades do litoral chinês como mercados de consumo e centros de produção com alto valor agregado.

Wong falou com a agência Lusa à margem da Cimeira de Multinacionais de Qingdao, no nordeste da China, que reuniu este mês representantes de algumas das maiores empresas do mundo, numa altura em que lidam com crescentes riscos geopolíticos, à medida que Pequim e Washington travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica e a relação entre China e União Europeia se deteriora.

A estratégia de reduzir riscos no comércio com a China foi inicialmente delineada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e, mais tarde, adotada pela Administração norte-americana. Em maio passado, o grupo G7, que reúne as principais economias ocidentais, vincou aquele objetivo num comunicado conjunto.

Dados das alfândegas da China sugerem, no entanto, uma deslocação da produção, sobretudo, para as províncias do centro e oeste do país, que beneficiam de força laboral, terrenos ou energia mais baratos, em comparação com o litoral.

Nos últimos 12 meses até agosto, essas províncias exportaram um total combinado de 630 mil milhões de dólares (595,3 mil milhões de euros) – mais do que a Índia (425 mil milhões de dólares), México (590 mil milhões de dólares) e Vietname (346 mil milhões de dólares), durante o mesmo período, de acordo com dados oficiais.

A tendência começou em 2018, à medida que taxas alfandegárias punitivas impostas pelo anterior Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre bens importados da China, aumentaram os custos.

Desde então, as exportações oriundas das 15 províncias que compõem o centro e oeste da China aumentaram 94%. Em comparação, as exportações oriundas da Índia, México e Vietname aumentaram 41%, 43% e 56%, respetivamente.

As principais cidades costeiras da China estão também focadas em fazer a transição para a produção de bens de alta tecnologia, incluindo veículos elétricos e semicondutores.

“Fala-se sempre sobre as empresas estrangeiras que investem na China estarem à procura de um mercado composto por 1,4 mil milhões de pessoas. Ora, essas 1,4 mil milhões de pessoas estão espalhadas pela China. É isso que as empresas estão a pensar agora: como agilizar a localização em termos de força laboral”, frisou Wong.

As províncias costeiras da China, que englobam cidades como Cantão e Shenzhen (sudeste), Ningbo e Xangai (leste) e Qingdao e Tianjin (nordeste), continuam a ser a ‘fábrica do mundo’. Em conjunto, estas regiões exportaram 2,7 biliões de dólares em mercadorias nos 12 meses até agosto.

Mas os salários médios anuais do setor privado na província de Guangdong, por exemplo, mais do que duplicaram nos últimos dez anos, segundo dados oficiais.

O aumento do poder de compra tornou as províncias costeiras em importantes centros de consumo, particularmente no segmento de luxo. Os consumidores chineses representam já mais de um terço do consumo global de bens de luxo e deverão ser responsáveis por 60% do crescimento do setor até 2030, segundo diferentes estimativas.

“As marcas de luxo não estão necessariamente a investir na abertura de lojas físicas na China, mas antes na construção do valor da marca”, explicou Gabriel Wong à Lusa.

“Eles entendem que vão ser os chineses a impulsionar o crescimento das marcas de luxo. Embora não comprem necessariamente na China, podem comprar em Paris, Londres, Singapura ou Dubai”, descreveu.
A Semana com Lusa

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