Segundo a Lusa, o português Maciel Vinagre disse que pensou fosse mentira ou engano ao ler a notificação de que tinha sido distinguido pela Rainha Isabel II pelo trabalho como responsável da limpeza de dois hospitais públicos britânicos durante a pandemia de Covid-19.
"Nunca na vida pensei que poderia receber uma medalha destas", confiou, ainda incrédulo, o diretor adjunto dos serviços de limpeza e restauração dos hospitais de Ashford e de St. Peter’s, em Londes.
Frisou a Lusa que a nomeação para a insígnia foi feita por colegas e superiores pelo "conhecimento e criatividade" que demonstrou para prevenir e conter a infeção pelo novo coronavírus dentro dos hospitais e proteger não só os doentes, mas também funcionários, introduzindo novas tecnologias e produtos.
"Estava no escritório e recebi um email do ’Cabinet Office’ (ministério do Governo) a dizer que tinha sido distinguido na lista da Rainha. No princípio pensava que era mentira, só pode ser engano. Os meus colegas disseram-me para apagar porque podia ser fraude", contou, entre risos, à agência Lusa.
Conforme conta a Lusa, o diretor médico dos hospitais, David Fluck, elogiou o português pela "forte liderança durante toda a pandemia numa equipa que desempenhou um papel fundamental na redução do risco de transmissão da covid-19 nos nossos hospitais".
"(Vinagre) introduziu mudanças na maneira como mantemos a limpeza dos nossos hospitais daqui para frente, o que vai proteger muitos pacientes e funcionários de perigo, mesmo após o fim da pandemia", afirmou este responsável.
Uma das inovações foi a contratação de uma empresa especializada em desinfestação para aplicar através de vapor um produto desinfectante que encontrou e que mantém as superfícies livres de vírus e bactérias durante 30 dias.
O português deparou-se com outro desafio quando, em plena crise, a enfermeira chefe pediu uma solução que permitisse esterilizar máscaras de proteção dos profissionais de saúde para serem reutilizadas porque não sabia se ia receber um novo abastecimento, uma situação que afetou vários hospitais no Reino Unido.
"Ele nunca quis ir para casa, quis continuar sempre a trabalhar. Esteve três semanas nos cuidados intensivos. Foi muito complicado porque os colegas ficaram com mais medo. Mas fizemos uma missa com um padre e a diretora teve uma reunião com os empregados para motivá-los e conseguimos", explicou.
Maciel Vinagre recorda "momentos muito difíceis" entre março e junho, os piores meses da primeira vaga da pandemia, quando os dias de trabalho chegavam a estender-se por 15 horas.
A liderança do português ajudou a dar visibilidade e importância às equipas de limpeza hospitalar pelo papel crucial desempenhado no combate à doença que já matou mais de 44 mil pessoas no país.
"Os meus pais estão na Madeira e estão muito orgulhosos. Mas se eu puder levar alguém, levo a minha filha", já decidiu.
Dependendo da evolução da pandemia, o português e todos os restantes, serão convidados para uma festa no Palácio de Buckingham no próximo ano, na presença de membros da família real, conclui a mesma fonte.