António João Nascimento, que esta semana tomou posse no cargo pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, disse que o IDCV resulta de uma necessidade há muito identificada de formar os servidores da política externa de Cabo Verde, desde os diplomatas de carreira, ou não, e os funcionários.
“Neste momento estamos a desenvolver uma matriz de formação que é virada para formar os diplomatas cabo-verdianos a partir do pensamento estruturado de Cabo Verde em matéria de política externa”, salientou.
“Seja como um pequeno Estado insular no Atlântico, seja como um país-membro da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], seja como país que tem uma parceria especial com a União Europeia, seja como for, mas como um sujeito das relações internacionais que Cabo Verde é. A formação é a pedra basilar”, completou.
Outro pilar, prosseguiu o diretor, é aprofundar a análise, a dissertação, o debate, as conferências, para aprofundar um pensamento estratégico, analisar a complexidade das relações internacionais e formar os quadros no sentido de melhor interpretar e defender o interesse nacional.
O IDCV terá ainda como valência a valorização da memória histórica da diplomacia cabo-verdiana, criando bibliotecas, mediatecas e documentação e parcerias com várias instituições nacionais e internacionais.
Durante a formação, vão ser ministrados 15 módulos basilares, desde o Protocolo Cerimonial de Estado ao Direito internacional aplicável às relações internacionais, às técnicas de negociações internacionais, análises de conjuntura, da geopolítica, da geoeconomia.
Entretanto, o diretor-geral avançou que essas disciplinas já estão a ser ministradas para os 15 diplomatas que entraram em concurso lançado em 2019, sendo que depois de serem recrutados, os diplomatas vão passar por mais um período de formação para absorverem e padronizar em todas as das disciplinas basilares da diplomacia.
“Para um pequeno Estado insular como Cabo Verde, que não tem um peso económico, militar ou político no plano internacional, nós temos de ter diplomatas brilhantes e é isso que nós queremos começar a formar”, frisou.
Reconhecendo que o novo contexto geopolítico mundial tem peso nos módulos da formação, o diretor enfatizou que Cabo Verde vai aprovar em breve a nova Estratégia Nacional de Política Externa, que terá a segurança como um “fator fundamental”.
“Naturalmente que, sendo de Cabo Verde um Estado que faz parte da CEDEAO, toda essa dinâmica, esta conjuntura afeta e nós temos de equacionar como proteger Cabo Verde dessa conjuntura em relação às ameaças que, atuando de fora para dentro, podem afetar também a paz, a segurança interna do país”, vincou.
No primeiro momento, o novel instituto vai começar a funcionar numa plataforma digital, que vai ser lançada brevemente, mas depois prevê construir um espaço, inicialmente afeto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“Mas a projeção do instituto é maior, não é só virado para o ministério, é para as instituições que trabalham com as relações externas de Cabo Verde, mas também com uma ambição no plano internacional. Não é só um instituto para formar quadros cabo-verdianos”, reforçou o ministro, que assegurou o processo de transição da Direção de Estudos e Política Externa para o IDCV.
A Semana com Lusa